BlogBlogs.Com.Br

Pesquisar este blog

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Palavras

Tenho muito o que dizer
Tenho o mundo pra te dizer
Mas como fazer?
Posso descrever?

Tenho coisas pra dizer que as palavras não poderiam descrever; são sensíveis demais pra serem ditas, quem sabe com o tato você sintiria...

Tenho dores, amores, flores e cores que queria muito te descrever; quero, inclusive, que descrevam você, que preencham você, que sejam você...

Tenho, não nego. E pelo contrário: grito alto: tenho mundos e fundos para te oferecer, só não sei direito o que fazer, tenho querer, arder, tremer e... e você?!

Tenho... tenho um monte de coisas, tenho... agora é tão confuso, falta uma conclusão que não sei chegar porque não há mais tempo: acabou a inspiração.

Expire...

Silêncio solitário secretamente alucinante...

Amo-te tão silenciosamente que respiro pausadamente pra não denunciar meu fado...
Amo-te tão solitariamente que caminho fácil por entre a multidão, estagnado...
Amo-te tão secretamente que olho sempre pros lados, nervoso e atento, cansado...
Amo-te tão alucinadamente que procuro remediar meus passos, pra não entregar o fato...

O fato.
O fato...
Que fato?

Amo-te alucinadamente, mas tão silenciosamente, que cada segundo dessa loucura é acúmulo de prazer e agonia, ânsia e alegria... sozinho e companhia... é secreto, mas todos sabem; é solitário, mas todos... todos... todos estão? Todos são?

Amo-te, e isso me basta, como respiro, bato e vivo... logo, existo.
Amo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Bem alto!

Minha loucura é toda candura, desde criança me esbaldo na loucura. Tadinha de minha conduta... coitada dessa pobre criatura... lembro-me como daqui a pouco, quando caminhava pelo pátio engraçado e observava o mundo, tão esquisito, quando derrepente... ah, não, foi diferente? Confusa...

...

Mas, agora tanto faz... já está tudo no chão mesmo, já está tudo no chão. Ah, não, salvem-me, lá vem aquela louca novamente, agulha em punho, anjo de sangue... sai daqui, sua louca maldita, anjo branco escurraçado dos céus! Sai, não me toque...

O que importa?

Caminha calmamente pelo pátio. Deve ter quantos anos? Sete, oito? E seus pais, onde estão? Seus sonhos já não estão... Ela caminha vaga, pelas meninas, pensativa quando apenas deveria ser menina. Pobre menina...

_Pobre menina, repetiu Patrícia, rodeada de suas amigas bonitas. Mas não há nada mais constrangedor que o frio que se recebe de alguém.

_Ei, agora berrando, eu falei com você, sua anormalzinha!
_ Ha ha ha ha ha ha ha... riam, as outras menininhas, enquanto ela continuava, vazia.
_Ei, agora com força, enquanto jogava o conteúdo da lancheira em sua cara.
_Por quê você fez isso? Perguntou, novamente viva.
_Porque me faz bem maltratar você.

Ela agora estava viva, e como era estar viva? Há tempos não sabia o que era melhos. Se quer, se já foi melhor, se vai ser melhor. Seria cedo para pensar nisso, mas não pra ela, não pra ela. Tomada por uma ânsia que, mais tarde, aprenderiam bem, limpou o rosto, aproximou-se e encarou a menina narina com narina:

_Vou maltratar você só uma vez. E prometo que você não vai querer me ver outra vez, disse, olhando firme em seus olhos.
_Vou acabar com você, gritou, descontrolada e já agarrada aos cabelos da outra. Antes que pudesse lhe causar mais alguma dor, a menina simplesmente encostou a boca em seu ouvido, abriu bem a mandibula, fechou com força e sentiu, pela primeira vez, o gosto de sangue. Na boca. Um prazer imensurável tomou conta dela, que agora via todas as menininhas pérplexas, enquanto ela, apenas cospia um pedaço de carne cru, enquanto limpava o vestido.

A menininha gemia, escornada no chão, com um grito assustador de dor. Sua dor agora era toda a dor, para todos uma grande dor, mas pra ela só uma boa dor. Acordou para a vida, acordou para o mundo, viu-se rindo daquilo, e depois esqueceu do que se passou... a sala da diretora, a cela escura e fria, as sessões de choque e tantas fugas.

Pobre menina: tão menina, mas sem amor... tão criança, e, ao mesmo tempo, tendo que ser tão adulta. Não merecia...

Terapia

Nada é o que parece, repito, aflito, antes de sair da cama, no começo de mais um louco dia.

Agora, minhas costas doem, meu rosto está disfigurado, mal acordei e já estou cansado.

Nada é o que parece,
Nada é o que parece,
Nada é o que parece, repito baixinho, antes que vejam minha sessão matinal de repito... estou com sono. Mas a vida me chama, já não tenho mais ânimo para cama.

Nada é o que parece, repito, antes que me vejam tão sombrio. Repito, até que abro a porta e, agora, me vejo cego, o sol, a luz, muito claro! Claro!

_O que há, me perguntam.
_Não sei, estou em órbita, respondo.
_Você e essa sua conversa de bosta, escuto, enquanto me colocam café. Estou sonhando? Café e bosta? Como assim? Não entendo... pego a xícara, café ou bosta, e, sem querem, já estou levantando quando lembro que há um segundo joguei a xícara e seu conteúdo na cara do nojento. Café ou bosta? Bosta queima? Não, então já sei: não era bosta.

Enquanto um grita e outros levantam, me tranco no banheiro. Preciso lavar o rosto.

Abris os olhos!

Abris os olhos enquanto é tempo!
Porque o tempo não tem senso,
O tempo é como o vento:
misterioso e passageiro.

O tempo pode destruir a vida,
Mas o tempo também semeia, linda!
O tempo é parceiro,
Mas é instável, e por isso traiçoeiro!

Abris os olhos agora...
Já, quase, não há hora!
E o que vai ser depois?
O que vai ser de nós dois?

Abris os olhos porque o tempo é passageiro,
Por que a vida é bailarina:
Dança, mas uma hora cai.
E se essa hora chegar, oq ue vai ter sido de nós dois?

Abris os olhos enquanto ainda te tenho,
Porque no dia que expulsar você...

Fome

Seus pés são meu melhor brinquedo.
Sereno, me esbaldo com seu enredo,
Enquanto você me olha,
Gulosa, com aqueles olhos de medo.

Deslizo em seus dedinhos,
Mastigo-os, todos tão macios.
Tão felinos, e até caídos... e famintos.
Sacio meu delírio, mas até quando? Logo, novo vício!

Seus pés.
Amo-os porque te trazem pra mim.

Seus vazos.
Adoro-os porque só provam que não esperas: segue em frente, aprende, serpente ardente!

Teus pés descalços são belos traços, são tudo o que eu preciso, são meu feitiço, meu caminho, meu ardente abrigo nesse mundinho. Venha com seus pezinhos, mas venha de fininho. Pezinhos...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Brigamos

Os lençóis sujos jogados pelo chão gelado do quarto escuro...
Os vasos, aos cacos, espalhados aos montes pelos pés das paredes...
As flores, aos pedaços, hora pregadas nos móveis, hora despedaçadas por onde quer que olhassemos...

Tudo denunciava nossa fúria, e não era para menos. A porta estava prestes a explodir de tanto que palpitar, e dela vinha o mundo, perguntando se estava tudo bem, se havia algum problema, o que era que estava acontecendo... não importa o que há no mundo lá fora, se o maior problema está aqui dentro. Não importa...

Eu, na janela; ela, na beira da cama, imunda, aos prantos. Nós, nus em pêlo de roupa, e mais pelados ainda em alma: machucados, cansados, perturbados, acabados apesar de vivos. O ar é extremamente denso, e chego a ouvir sua respiração pesada de ódio, respiração como a de alguém que mata por fetiche, para passar tempo, para relaxar... bebo outro gole de whisky, agora tudo está fundido. Tudo está... e eu estou tonto. Não temos mais palavras, estamos exaustos, esbaforidos, acabados, abalados. Traição não se faz.

_Isso não se faz, repeti...

Recomeço. Agora, ela enxuga as lágrimas, se esconde atrás de outro lençol, como se agora sim tivesse vergonha. Penso em chamá-la de suja, mas como? Mais sujo talvez seja eu... quero chorar, mas não por ela, nem na frente dela, não para ela. Ela? Como teve coragem? Como teve?

Agora é ela quem me olha. Não sei se estou bêbado, mas ela se transfora, levanta-se lindamente, pega a garrafa e, num gole, bebe o que restava de bebida. Agora, os dois estamos... como estamos? Não sei, mas logo não estaremos mais em nós. Ela me encara e derrama:

_Achas que tudo que temos é porque merecemos?
_Eu não sei, estou confuso, mas eu não mereço o que você me fez.
_Eu fiz o que quis, você não diz que temos que fazer nossa vontade?, pergunta.
_Mas traição não, respondo.
_Meu amor, ela me olha nos olhos, sei mais de você do que você pode imaginar. Você não me engana, viu? - sorri-, Sei tudo de você, e mesmo com seus óculos escuros, de mim não há nada que você possa esconder. Nada. Você entende?
_Você quer dizer que...
_Você não quis me dizer, mas e daí? Eu não ligo. Sei que me amas porque sinto, simplesmente. Mas, e você? Me ama? Se me ama, então por quê não perdoa?

O mundo agora gira muito, vejo minha mão cortada, talvez pela cerâmica do vaso, talvez por outro caco. Abraço, agora me vejo chorando em seu colo... o mund girando, tudo fundido, seu cheiro quente e úmido, seu carinho em meu cabelo assanhado. Talvez durma, mas me acalmo. Calmo... calmo... calmo. Até quando?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Nálfrago

Você acredita que, um dia, todas as verdades nos serão reveladas? Só quero acreditar que, um dia, todas as minhas verdades serão postas, expostas e amostras.

Porque nesse dia, nessa bendita nova era de existência real e divina, de felicidade estridente e coração contente, ah! Nesse dia eu terei você. Com todas as forças do mundo, sob todas as formas e rumos: terei você, de verdade você, e mais nada.

Tudo agora é perfeito, de maneira mais humilde quanto simples como há de ser, sentirei a ti e você a mim e aí eu serei você e você vai ser "mim". Pra mim, em brim...

Coloca cuidadosamente o conteúdo dentro da garrafa. Empurra a rolha, leva à boca: beija e despeja. Longe, aquelas palavras agora flutuam, leves como a pluma no ar. São as doces palavras no mar. Ele mergulha, imerge e emerge, solitário, como há anos, naquela maldita ilha tropical avulsa. Já faz tanto tempo, que suas lágrimas e aquela água agora são uma só. E ele, só.

Fim de semana

Novamente olhando o céu retangular pela janela suja de meu quarto escuro, agora penso, mudo, na besteira do mundo. E de tudo...

_A solidão é minha companheira - pauso.
_Minha única certeza - continuo.
_A mais sutil das gentilezas: amarga, mas seca. - concluo.

Estou novamente só, deitado num chão empoeirado, um pouco gelado e muito gasto de minhas lamúrias... choro mais uma valsa, derramo mais um passo, pego aquela caneta de deixo jorrar um sangue quente que há pouco corria na minha veia esquerda... ele corre em direção ao lençol, já me sinto mais leve, já me sinto mais limpo, já me sinto vazio.

Flutuo... e, finalmente, sinto.

Tic, tac, tic, tac, tic, tac...

Agora, um calor estranho toma conta de minha barriga, uma ânsia parece estacionada em minha garganta doída, como se essa ânsa estivesse pronta para explodir e inundar minha vida de agonia.

Mastigo algo mais...
Folheio outra revista...
Aperto o teclado do celular...

Mas não passa. Não passa... não passa! E não há como passar mesmo... sei bem que isso é ansiedade, e que ela só passa quando estou contigo. Se bem que sua indiferença me mata, me arrasa, me pára...

Vejo-me perdido num misto de sensações ruins e deprimentes, sensações humilhantes que são o alimento de minha alma há pelo menos já nem sei quanto tempo... quanto tempo? Um ano, dois meses, cinco minutos, quem sabe? Alguém sabe medir o tempo da alma? Eternidade tem segundo? Quem sabe? Ninguém sabe. Nem eu sei direito...

Mas queria muito que você soubesse, e que você me tirasse desse martírio, porque as almas, elas não existem para sofrerem sós... no máximo juntas. As almas nasceram para encontrar alento umas nas outras, no caso meu e seu, a sua na minha e a minha na sua. Só sua. E quando invado a janela de sua alma, naqueles instantes finitos mas para mim tão gostosos e vagarosos; quando invado o esconderijo de sua alma medrosa sinto e até vejo sua inquietação, sua satisfação com tão pouco, vejo todo o misto de sensações... Vejo seu apelo por mim e até seu desejo, repouso, sob algum perdido...

_Depresa, levante-se! Acabou seu tempo, acabou o tempo, acabou, acabou, o tempo, não há...

Buuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum!

_Não há mais tempo...

Fuga

Na confusão das sensações, estava perdido e muito cansado. Cada músculo de meu corpo doia inacreditavelmente, até as batidas desse pobre coração eram mais pausadas, demoradas e sofridas. No meio disso tudo, tudo o que eu queria era ser você. Mas esse mundo chato e sem futuro não me proporciona nada se não manter vazio esse coração sofrido e fraquinho, que se apega fácil, se apaixona muito rápido, acaricia com muito tato e exímio...

Mas, aí, aí tudo parou, aí tudo mudou e eu vi você! E, que louco quando fugimos por um segundo... todos à nossa espera, todos à nossa procura e nós, soltos, perdidos num mundo vazio e fútil mas encontrados em nós, mergulhados num profundo abismo castanho escuro. Como são lindos seus olhos escuros: meu mundo. Tudo...

Apelo!

Se eu pudesse condensar numa gota, como a de água, tudo que quero que saibas, que aprendas, que sejas, que te valhas; juro, eu tentava...

Tudo eu faria para que você aprendesse rápido, fácil e indolor...

Mas só a vida ensina, foi assim que aprendi o que sei: foi por ela que sou quem eu sou, e só a prisão de minha alma pode me trasformar em algo pior do que sou.

Por que você me trata mal, se te amo tanto e só quero teu amor?
Por que me tratas assim, se só quero o que há de melhor pra ti?
Não me amas como eu te amo?
Saibas que amo, apesar dos anos!

Se eu pudesse, juro que tudo faria para que fosses como nos sonhos, mas esse dom eu não possuo, não quero, jamais vou poder comprar...

Ah, se Deus me permitisse comprar! Juro: terias de tudo, inclusive verdades e muita alegria. Tudo seria do teu jeito, não havieria dor, pelo menos você não sentiria dor... os outros, talvez, mas por você até eu sinto dor, por que os outros também não, não é?

Se eu pudesse, se eu pudesse, ah, se eu pudesse... mas agora não há tempo. Corra, vai! Quem sabe você alcança! Essa é a sua hora, nada mais por ti posso fazer, até porque de mim sei que não queres mais saber. Mas vá, a vida ensina, tudo ao nosso redor ensina. Viva...

Sentimento verdadeiro

Respeito o seu sentido
Apesar de não ver sentido no seu sentido
Tudo bem que haja prazer no seu sentido
Mas há mais sentido possível.

Você já parou para sentir hoje?
Há uma realidade
uma verdade
até fatos e possibilidades possíveis que só dependem de você abrir as portas para o mundo.

Há sentido no que digo?
Talvez não, mas veja o que eu digo;
ouça o que te falo:

Há vida para além dessas paredes tortas...
Por favor, abra-nos vossas portas...

Autoimóvel.

Sinto falta de tocar, mas nesse lugar - de pessoas frias não tanto espiritualmente, mas sim pelas circunstâncias termo-climáticas e afins dessa província de ar úmido, mormaço abafado e fedido -, nesse lugar de criaturas frias de suor gelado e pegajoso, nesse lugar o tato não é mais que o contato acidental no coletivo cheio e desconfortável. O contato não vai além do braço distante dos "contatos".

_ Ai, Jesus! O que ei de fazer: quero comer você mas por quê?

_ O quê?!

Novo ciclo

Nasço
Cresço
Aprendo
Limo
Morro
Renasço...

Enfático, num segundo, pro mundo!

...

Nasço em cada manhã que acordo vivo.
E morro todas as noites, enquanto morro de sono.
Dentro do sono, eu sonho
E limo a experiência, amadureço e cresço.
E...

Nasço
Cresço
Aprendo
Limo
Morro
Renasço... até quando?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Homenagem

------------- Perdoe esses versos tortos, a rima pobre e as idéias soltas. Tudo, um dia, se acerta. Tudo. Você acredita que um dia todas as verdades serão reveladas? Prepare-se, e pare! -------------

Nariz empinado
Boca torta
Cabelo ao vento
Talento, oh, que talento!

.......melindrosa
.......maravilhosa!
.......deliciosa
.......rosa
.......cheirosa!

Pôr-do-sol em tupi
Você precisa parar de agir
Você precisa se vestir
Você precisa sumir!

Mas não suma em tupi

Suma pelo caminho das pedras, enverede-se pelos caminhos de encanto, que te tornam melhor e muito mais humano. Encare a vida, e os planos, com o canto, aquele canto, tanto encanto quanto tanto! Viva feliz e pense assim: pense...
.pense..
..pense.
...pense
E observe, serve, verte. Ele, inerte.

Não é defeito esconder o que se pensa, mas é proteção se resguardar do que não presta. Pense, pense, pense, pense; olhe, veja, cale, e observe! Esconder o que pensas é mais que proteção: é cuidado, é carinho consigo mesmo. Não perder tempo com qualquer um, e buscar no caminho o equilíbrio, o sentido, o ritmo, o signo e, por que não, o cinismo.

Eu também não sei direito, e não pense que é fácil ser assim, ou mesmo chegar até aqui. Mas você chega, você supera, você agarra, você ama; esqueceu, você é humana?!

Acredite no ser humano, todo ser humano, todo o ser humano! Tem um ser humano que te adora, tem vários seres humanos que te mostram. Não humanos? Bem, cavalos dão coices, vacas dão bosta!

Escute e pense.
Não diga.
Guarde-se, resguarde-se, preserve-se e Aguarde.

Ponto

Cumpro minhas horas assiduamente. A minha existência não é à toa, muito menos a minha sede, e a minha fome, e a minha inquietação e a minha relação. Escute bem o que te digo: nada, neste ser, é em vão!

As minhas horas são sagradas, ainda que as suas horas sejam "desorganizadas".

E não me interessa se seus sonhos já foram destruídos, e se você já perdeu o tesão pela vida, e se não há qualquer valia. Em quê me interessa saber o que te cansa, meu Deus, isso me cansa!

Morte aos seus sonhos mortos, à sua existência sem vida, à sua essência sem filosofia, ao seu sentido que não tem sentido! Cada uma das gotas de suor que derramo pensando em meus sonhos e meus valores e meus amores, enquanto espero darem as horas que faltam para completar as horas, cada uma delas valem a pena pelo fato de me tornarem um homem melhor, por tornarem minha existência de maior sentido, mesmo que ainda não tenha achado todo o sentido, por me fazerem sentir: essa é a coisa certa a fazer.

Vivo minhas horas pra não perder as horas. As outras horas. E vivo essas benditas horas para satisfazer aquilo que outrora me incomoda. Sou um eterno caçador, de sentido. Por favor, não perca suas horas! Ainda não sei o que fazer direito com as minhas horas, mas se você também não sabe o que fazer das suas horas, por favor, preserve as minhas horas. E chegou a hora, é hora de ir embora. Não chora...

Antropofísica às avessas

Ainda bem que não posso te comer.

Se conseguisse comer você
(por inteiro, pedaço por pedaço)
Se pudesse te trazer pra dentro de mim
(ainda que pra dentro de pobre estômago)
Se fosse possível transformar você em nós
(eu mais você, você e eu igual a nós)
Se Deus permitisse fazer de mim casa de você
(Deus existe? Talvez por isso, ele existe. Será?!)
Se só me restasse comer você...

Ah!

Aí você iria ver tudo que quero te oferecer!
Aí você iria ver minha constante ebulição!
...........................minha constante inquietação,
...........................meu desejo
...........................minha semente
...........................minha essência
...........................minha gentileza...

Ah, se você pudesse ver.
Ah, se eu pudesse comer você.

Fonte...

Encontro-me com sua boca, e toda minha existência melhora, toda a minha vida se renova, toda minha experiência torna-se sublime. Demore o tempo que for, só a possibilidade de estarmos vivos já nos enche de alegria e vontade de viver mais, pra encontrar um ao outro, pra renovar um ao outro, para exercitarmos o tato um com o outro: beijo sua mão, sinto seu cabelo, toco suas costas, mordo a sua língua...

Entre seus lábios doces, estão a minha existência, e meus sentidos, e meu vigor, e meu viver, meu existir! Vivo pela esperança de, mais uma vez, tocar seus lábios, beijar sua boca, ligar-me a você da maneira mais humilde, mais simples, mais ingênua, derradeira. As coisas tornam-se simples, e nada mais é complicado, porque sua doçura, essa ternura atenua meu viver...

Entre seus lábios finos, nada é vazio, e nada é pequeno, e nada é demais, e nada é de menos... Tudo é perfeito, tudo torna-se perfeito, tudo torna-se eterno, tudo tem sentido, tudo tem carinho e, até, seu cantinho. Toda a existência age para tornar eterno esse momento. E o tempo congela, enquanto suamos graças ao calor exaustante desse lugar nenhum...

Entre esses lábios formosos, grossos, sedosos e melosos, a vida tem sentido. Sim, agora há algum sentido. Acho que há, até, todo sentido! A vida faz sentido, e tudo tem sentido, mesmo que, ao sair, talvez nem tudo tenha sentido. Tu tens sentido? Tudo tem, sentido. Talvez tenha te tido, sem tido seu sentido...

Em que importam as dúvidas e incertezas? Por maiores que sejam as dores, por mais exaustante que seja o meu ou o seu cansaço, por mais triste que seja a vida, a existência, o toque do telefone que nunca atende, o turo turo tatuado no meu peito... seja como for, e seja o que for: em seus lábios tudo se renova, tudo melhora, tudo revigora... tudo!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Tábua Rasa

Passam as horas, cheias de minutos, e segundos, e centésimos e milésimos... E passa a minha vida, e hoje ninguém me liga, e agora ninguém me espia. Maldito seja esse celular, inútil objeto de

Mas, porquê a fadiga? Essa é a sua vida!

As pessoas sobrevivem num vazio de almas, enquanto minha alma só busca procurar sentido. Olho pro relógio, procuro o celular, mastigo mais um pedaço e, ainda assim, não me desfaço do vazio. Do vazio, do vazio, do vazio de meus passos, do vazio de meus sonhos...

Pra quê viver uma vida sem sentido?

Se é pra viver sem sentido, ao menos me ensine em quê sentido! Não entendo, não compreendo, não me contento. Minha sede não cessa, apesar de ainda não encontrar... Cadê o sentido? Cadê seu vestido? Onde está? Onde estar? Aonde estar? Você vai chegar? É isso? Mas, é tão vazio! Estou só! Estou só? Não me deixe só! Eu tenho medo: do mundo, do muro, do turvo... de tudo.