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terça-feira, 6 de novembro de 2007

Encontros

"Eu fiquei contando as horas pra falar com você...
Eu não via o momento de te encontar...
Eu andei rodando o mundo, sem jamais te esquecer...
Quando o amor acha o rumo, sempre vai durar!
Recomeçar... depois de um tempo tão longe... Quero ter você perto de mim! E transformar dois destinos num mesmo, ocupar no mundo um só lugar..."
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No meio de todo aquele movimento, tudo o que eu queria era encontar um terminal no qual pudesse fazer tudo que tanto precisava fazer: trabalhar. Segui pelos corredores, entrei nas várias salas, em meio à loucura da vida da metrópole, em certos momentos me pego não como um ser humano que pensa e sente, mas como um objeto, mais um na engrenagem louca desse lugar sombrio. Me pego com dores no corpo e na cabeça, me pego não pensando, me pego insensível a todos os meus sentidos, e o pior, adoeço, cada vez mais, eu, meu corpo e minha alma.

Penso nisso tudo em menos de um segundo, e vejo o quanto ainda estou vivo. Procuro mais um pouco no meio de tantos rostos que não conheço, sempre com olhares mortos, todos cansados e infelizes. Que tristeza, que beleza: eu no meio de um monte de zumbis... Que beleza. Procuro mais um pouco, mais um pouco, mais um pouco, mais um...

Vi você!

"Não vejo mais você faz tanto tempo...
Que vontade que eu sinto...
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços, é verdade, eu não minto!
E nesse desespero em que me vejo...
Já cheguei a tal ponto...
De me trocar diversas vezes por você, só pra ver se te encontro..."

Gelei! Por um segundo, eu gelei. Vi você, mas não vi só você, vi sua alma, desarmada, nua, desamparada. E vi seu desejo, nossa verdade, enfim a certeza de que nada era engano, nada era em vão: eu desejava você, você deseja cada curva de meu corpo, cada gota de suor, cada pêlo, cada aroma, cada coisa... Talvez, eu também deseje, mas ainda não sou aquele mestre que você afirmou um dia eu ser. Não, baby, ainda não sei ler as almas em um segundo. Se quer sei decifar as almas, pelo menos não todas as almas, só algumas almas, aquelas almas, alma. Só as ditraídas, só as saudosistas, só as carentes, só... só a sua, baby! Entendo sua alma, porque já comi sua alma, devorei sua presença, me embebedei de suas lembranças. Pena que nunca te amei... se tivesse amado, seria dono absoluto de sua alma, você não teria saída, baby, você seria mais um pertence meu, mais um brinquedinho vivo: o melhor de todos os brinquedos. Talvez você fosse eu. Mas você fugiu, baby, você fugiu.

Não parei de procurar. Você desviou o olhar como quem via o que não queria ver, eu continuei meu calvário em busca de um lugar no mundo. Nesse mundo. Mas, e no seu mundo? E no nosso mundo?

"Baby
Baby
Baby, Ah...
Há quanto tempo?
Baby
Baby
Baby
Ah..
I Love You... Você... Precisa saber da piscina, da margarida, da carolina, da gasolina...
I Love You, I love you..."

Salto Alto

Meu desequilíbrio é fascinante! Certamente, qualquer psicólogo, analista, estudioso da alma, adepto da observação e pessoa afim teria multiplas sessões de êxtase observando toda minha loucura, todo o meu cinismo, minha timidez e, até, meu libido.

Uauaua! Prendam-me depressa! Preciso ser LOUCO!

Ops, agora não! Arrumo a gola, pego os papeis e caminho, meio sem vontade. E...

Atravessou a sala e caminhou em direção a ele, sem muito ânimo, mas com a convicção de que aquela situação era necessária. Nos pequenos metros que os separavam, só teve tempo de pensar dez metros, mas para que mais, se dez metros eram sufucientes para seu pensamento rápido e inquieto? Pensou que não queria estar ali, mas se estava, tinha que mandar ao inferno todos os ideais pregados pela Santa Amada Igreja, e só uma vez, dessa vez, ser (no mínimo) cínica. Ao pensar nisso, lembrou de sua amada mãe, Amada com A Maiúsculo, porque é muito respeito, apesar dela a ter abandonado ainda criança na casa da tia. Ah, que infância... Melhor não lembrar!

Lembrei de mim, de tudo que me ensinaram, de tudo que acho que sou... mas, se não faço o que acho que sou, talvez eu não seja. Como ser, ou o que ser então? Meu Deus, está chegando, não sei o que dizer, o que vou fazer...

Tarde! Estava parada em sua frente, ele com o olhar de sempre, apesar de no fundo dele mostrar algo de errado. Na verdade, não era só o olhar que parecia diferente, mas também os gestos, as palavras, tudo! Não era o olhar de sempre... Olhava para o chão quando conversavam, e seus poros pareciam entregá-lo: algo definitivamente estava errado. Teve, então, a idéia de ser cínica.

Ser ou não ser, Deus meu, ser ou não...

Tarde de novo! Viu-se perguntando se estava tudo bem e ele respondendo que sim. Perguntou então, como que encarnado um espírito ruim: E a vida de merda, continua na merda ou já superou essa existência deprimeite?. Ele olhou, sem entender, e perguntou: Enlouqueceu? Não, respondeu numa gargalhada, Não, não e não! Quem está louco é você! Ou não! Precisa ser louco meu caro, só os loucos são felizes, só os loucos, repetiu enquanto se via jogada na mesa, com o dedo no meio da cara dele, que suava frio e estava tão vermelho quanto seu olho com conjuntivite. Ela gargalhou e trancou a porta. Fitando-o com paciência, ela disse: e aí, é agora ou prefere mais tarde? Ele levantou-se da mesa e, sem dizer nada, procurou entender. Ela disse: não entenda, apenas sinta. Você está disposto a entender? Ele respondeu que não, balançando a cabeça, como se sua língua estivesse amarrada ou pesada. Tudo bem, disse ela, você não merece o que tenho pra te oferecer. Mas já estou na lama, quero comer você... Você não entende nada, você finge fazer as coisas certas, mas não está disposto a amar, que é a coisa mais sublime que qualquer um de nós pode fazer. Amar é o que nos resta, você entende isso? Mas você não sabe amar! Come sua esposa toda noite, acha que ama sua mãe, mas quantas vezes procurou sentir o que os outros sentiam? Você é tão irracional como essa mesa, você é um coitado! Você, você... Ah! gritava, com todo ódio que pudera sentir dentro de si. Sabia que aquilo não tiha volta, mas griyou a ponto de perder a voz e chamar a atenção de todos. Gritou até lhe faltar o ar, e continuou: você não merece nem ser chamado de porco, você é um nojo... Nojo! Gritava, enquanto começava a quebrar a sala, com toda sua força apesar da falta de ar. Escorria de seu rosto, agora pálido, não mais suor, mas uma lágrima, no canto direito de seu rosto frio... Frio.

Arrombaram a porta, pegaram-a e chamaram a polícia. As velhas queriam saber, os jovens riam, os outros tentavam reanimá-lo, mas ele já não tinha mais ânimo. Ele sabia que quase tudo era besteira, mas não amar... não amar... eu não sei amar?!

Ela foi internada, e enquanto a carregavam numa camisa de força amarelada pelo tempo, pensou naqueles que já a utilizaram, naqueles que agora a julgavam louca, naqueles que não sabiam que ela existia. Sorriu calmamente, levantou o olhar, pediu para que não a apertassem, parou e gritou, enquanto tentava ajeitar o cabelo suado: sou tão livre quanto qualquer um de vocês. Sou a consciência daquele infeliz, sou tão lúcida quanto esse idiota que me carrega prum hospício. Mas escrevam o que digo: eu volto! Ah, se volto! E volto tão triunfante quanto agora, com meu salto alto e tudo. Salto alto... Tome Amélia, referiu-se à secretária que sempre quisera pensar, apesar de nunca saber como. Tome meu Scarpin de dez euros, meu amor, sabe contar? São quase trinta reais de luxo e elegância. São coisas que não se compram, mas dá pra enrolar. Pegue meu amor, não tenha medo! Loucura não passa, acredite, repetia, enquanto tentava se equilibar e jogar um dos sapatos pra longe. Ela deu um último jeito no cabelo, sem o auxílio das mãos, olhou pro alto e viu cair algo. Era ele, pronto, agora livre do vigésimo andar...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Fervo...

_Não faça isso! Gritei, apavorado, em meio àquele alvoroço.
_Vou fazer, respondia com um olhar de prazer que mata qualquer um só pelo mal que carrega.
_Não faça, implorava inutilmente...
_Vou fazer, vou fazer, vou fazer!
_Não faça, repeti.
_Faço sim, faço sim, faço sim, já fiz!
_Não, por favor, isso não, não... não!


Tarde demais.

Derrepente, senti minha garganta seca. Os minutos, que poderiam ser os mais simples de toda minha vida, tornaram-se os mais difíceis e custosos de toda minha existência. Como eu te odeio, era tudo que conseguia raciocinar, enquanto observava seu olhar de peixe podre, que não tinha a mínima consciência do ato, insano, que tinha feito. Que cabeça de Merda, pensei, Merda com M Maiúsculo, pra denegrir mesmo, pensei... Não foi fácil...

O simples fato e inspirar e depois expirar tornou-se insuportável, inviável, doloroso, inútil... O ar rasgava minhas vias, e minhas veias pareciam não suportar o oxigênio a elas atravessava. Doia cada gesto, existir já era motivo de dor. Dolorosa existência, oh meu Deus, e no meio daquilo tudo, eu só queria sumir, ser livre, voar, viver. Sentia tudo, apesar de não saber, ao certo, o que eram aquelas sensações novas. Talvez estivesse morto e não sabia.
Calor!
Senti queimar o meu rosto. Posso mentir pro mundo, mas minha timidez me entrega, sempre às mãos frias ou ao rosto vermelho. Era tanto calor, que talvez o suor da mão tivesse evaporado. Era muito calor, Ainda murmurei baixinho "não faça isso...", mas era tarde. Sentia meu sanhgue borbulhar de tanto ódio, tinha uma febre emocional dentro de mim e, passados alguns segundos, ainda não tinha morrido, mas também não tinha passado, porque as horas, ah as horas, essas malditas coisas que agora não sei nem explicar parecem passar iguais, mas na verdade não passam, não pra mim! Vá você passar pelo que passei e verás que meus segundos de vergonha te matariam. As horas, ah, as horas. Senti uma lágrima correr o lado esquerdo de meu rosto quente, misturando-se ao suor e a tudo mais naquele ambiente inquientante e constrangedor. Meu Deus, pensei, o que se havia de fazer? No máximo, me restava uma vingança doce e suculenta, já que aquela pobre alma desprovida de qualquer astúcia não era párea para minha grandeza... Era isso: esmagá-la como uma barata nojenta e... e depois? Ei, mas vingança não é uma boa. E conformismo também não! Que ódio, ódio...

"...tempo,tempo, tempo, tempo, tempo..." gritava uma porção de mim, aquela burra e idiota, que sempre se ferra até o fim, mas que no fim... xeque-mate! Eu sempre me ferro do começo ao meio, mas no fim, ah, o fim é semrpe triunfante e vitorioso pra mim. Olho pra trás e vejo como venço, como melhoro, como sou melhor a cada segundo. É isso: tempo, e fim; no fim, o tempo dá todas as respostas. Eu recebi todas as respoastas, porque essa pobre alma também nao iria receber?

Pensei alto, chamei a atenção de todos, e retornei para aquele momento horroroso! E descobri... e a vergonha já não era tão forte, a respiração estava boa, o momento já não era tão horroroso! Continuei a balbuciar timidamente as palavras, vi seus rostos de satisfação, levantei-me da cadeira e saí. Fechei a porta, respirei fundo e saí de meu calvário; e ao saír me deparei com aquilo... monte de carne podre inútil que faria um favor à existência se deixasse de existir. Respirei novamente, dei um tapa em seu ombro e saí, sem palavras, enquanto sentia seu ar de derrota e covardia. "Pô, devia estar pensando, ainda não foi dessa vez... não foi...". E fui.

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Cuide-se Tereza, um novo mundo espera por nós dois e quem mais vier... Tudo!

domingo, 4 de novembro de 2007

Velocidade

No dia a dia de minha vida vazia
eu pego ônibus todos os dias.
Enquanto balanço, vejo a vida da janela suja e embaraçada
Vejo os carros, as pessoas e a calçada. Ah, as calçadas!

No dia a dia de minha existência triste
eu perco muito tempo.
Enquanto avançamos eu e o mundo
as horas escorrem sem dó,

Estamos condenados a perder tempo,
Estamos condenados a envelhecer sem aproveitar o tempo...
Não sentimos o tempo, só consumimos o tempo, descartando a vida como a embalagem que já não serve pra nada.

tempo tempo tempo tempo tempo...

Enquanto parto e chego a lugar nenhum, as calçadas passam todas tão iguais, apesar de tão diferentes... As calçadas passam diferentes quando sinto o freio do motor, e entre uma parada e outra, eu sobrevivo, enquanto sigo em frente, sem saber pra onde...

casamento sem amor

Outubro de 1992.

Foguete era a única coisa à qual Ele poderia se apegar agora. Ele era filho único, sozinho no mundo apesar de tudo, tudo. Apertava foguete contra o peito como quem precisa muito de algo pra si... aquele misto de sensações novas e esquisitas o deixou confuso, e Ele não sabia que só queria chorar. Ele não sabia...

Na porta do quarto, de pijama azul piscina, Ele via, sem entender, aquela discussão dolorosa; sentia algo ruim dentro de si, e como saber o que era se, coitado, sua vida só se iniciara a tão pouco tempo. "Ainda tô aprendendo", repetia. Com os olhos cheios d'água e com o coração apertado, Ele assitia os dois gritarem e se baterem, tão diferente do que eram lá fora, tão diferente do ensinaram a Ele. Derrepente Ele viu ela cair em lágrimas, enquanto ele olhava pela janela, com dó, mas ainda forte. A dor que ela sentia Ele sentia em dobro, e no fundo ele também, e eles queriam ajudá-la, mas como? Ele mal sabia o que era aquilo. Já ele queria, como ninguém, aquelas lágrimas.

Ele permaneceu na porta do quarto, agora recolhido no chão, como ela, e derrepente sentiu escorrer de ser rostinho de sete anos uma gota quente de dor. Ele esquivou as sobrancelhas, tetou segurar o choro, mas a única coisa que conseguiu foi dar um soluço alto seguido de um jorro de água que nunca tinha derramado, nem mesmo nos momentos de egoísmo ou de manha... Ele chorou alto, eles congelaram, seus corações, como um só objeto, parou por um segundo, sentiram dentro deles a dor que Ele não entendia e não merecia sentir. Ela levantou-se, ele se vestiu, eles foram até Ele e ele não entendia, mas chorava, alma nua e desarmada, sem entender por quê. Eles o abraçaram e Ele soluçava, e soluçava, e não entendia o que diziam, apesar de garantirem estar tudo bem. "Como", pensava em meio àquela confusão que bagunçava sua cabecinha. Eles olharam-se, e pela primeira vez sentiram-se tão envergonhados quanto da primeira vez...

Todos choravam, mas agora a dor era a mesma, misturada à vegonha, ao arrependimento, ao não saber por quê...

Tato

Só sei que estou vivo, mais nada, porque sinto, desejo, quero, até posso, mas ao mesmo tempo não... não tenho!
O que fazer?
Desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado...

Como ser?
Como?

Má notícia...

Recebo aquelas malditas linhas tortas, recheadas de palavras malditas, verdadeiras armas que ferem minha alma e consomem todas as minhas forças, toda minha pasciência, tudo... leio com pressa, como se a dor doesse menos se lesse mais rápido, mas que besteira, as palavras doem ao mesmo tempo, porque o tempo passa do mesmo jeito, resta condicionar minha pele para que não sinta, minha cabeça para que não pense, minha vida pra que não viva, apesar da vontade de viver... Estou confuso! Como dói.

Refaço-me do de tudo; o que me resta, se não sobreviver a tudo? Ser forte é a minha última esperança, pelo menos enquanto ainda quiser ser feliz, enquanto necessitar estar vivo, não importa como. Eu me refaço, aos poucos, daquilo; em meio a pessoas estranhas e rostos que me assustam, e releio, e vou digerindo aos poucos, e acordo do susto, e me refaço....

Derrepente sinto correr pelo meu rosto um líquido quente, certamente salgado, suor ou lágrimas, quem sabe, e sinto também o vento nos sílios, na pele ainda sensível do barbear mal feito e apressado. Minha pele dói pelo sol que queima sem pena, sinto o mundo mas não me comunico com ele, simplesmente vejo em meu pequeno espaço de visão minhas mãos trêmulas, o vento, os pedaços de papel... ao fundo ouço e até sinto as pessoas, que me tocam e me olham, mas eu permaneço só em meu infinito particular. Ah, o vento! É o vento que leva os pedacinhos de papel que vou guardando na palma de minha mão. O vento leva, como se com ele fossem os problemas, e as dores, e a ilusão, como se levasse você, maldito você...

Acordo!

Olho ao meu redor e agora vejo que as pessoas estão ali, e querem saber o que há ali, e se estou bem, e vejo as pessoas recolherem, inutilmente, os pedaços do papel que o vento sabiamente espalha; velo as pessoas mas não as quero em mim, e alguém diz que estou mal porque você se foi, "Há um adeus aqui", grita uma senhora gorda e morena, suada e cansada, mas tão solícita que me deu pena. Não fiz nada, não respondi a nada: recolhi minha alma, respirei, levantei o braço direito e dei sinal. O ônibus parou, limpei meu rosto, peguei meus óculos escuros com os quais me escondo do mundo, subi e parti. E olhei pra trás e vi as pessoas resmungarem algo que parecia raiva. Não ligo que tenham ira por mim, o que importa? Minha alma ferida agora só queria sair dali, só queria se recolher e esquecer a casca que deixei ali. Sim, eu troquei de pele, novamente, como sempre... Parti. Boa notícia. Pra onde, meu Deus!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Eu digo.

Beijaram-se ardentemente por longos minutos, como se aquela fosse a primeira vez depois de longos anos... e de olhos bem fechados, sentiam um ao outro...

De olhos bem fechados um sentia ao outro: a língua do homem amado voava como um condor pelo céu de sua boca pequena, seu cabelo ruim fugia das mãos infantis, suas costas lisas e suadas eram arranhadas; suas coxas, sua barba mal feita que rasgava sua pele delicada, o cheiro bom de seu suor de homem, sua força, seu desejo... tudo agora fazia parte dela!
De olhos bem fechados, um sentia ao outro: o medo da mulher desejada, a dança suave de seus cabelos lisos, que impregnados de suor, deslizavam pesados, ainda que muito harmoniosos... seu cheiro bom de moça pura, seu medo de gostar dele, o próprio medo dele de ser tão parte dela, o amor...

Beijaram-se e amaram-se, e depois, saciaram-se, e depois durmiram, e depois sonharam, e no sonho amaram-se: LIVRES, sem medo de ser feliz. E depois acordaram. Depois de um beijo, as estrelas, as mãos que buscavam uma a outra, a gota de suor salgado que rolava pelo rosto de criança, os pêlos, os desejos, os sexos, os dois, nus, um com o outro, um tão parte do outro, um mais do que nunca dentro do outro... enfim... um e o outro!

Agora e para sempre, de olhos fechados ou não, um era o outro.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Óculos Escuros, mademoiselle!

Por trás de meus óculos escuros, eu...
PROTEJO minha alma
FUJO do mundo
FECHO meu mundo
ENCARO o mundo

Por trás de meus óculos escuros, protejo minha alma; porque, sei que sou forte, mas naqueles momentos de fraqueza e fragilidade, naqueles momentos em que você é a última pessoa que preciso ver, naqueles momentos infelizes e desastrosos eu saco meu escudo de quarenta contos, limpo na minha camisa de algodão made in brazil a gordura empregnada pela oleosidade excessiva de minha pele e escondo minha alma. Ela quer saltar pelos meus olhos destraídos e tristonhos, mas me recuso a dividi-la com você. Não, não, não... Não! bem alto! Por trás de meus óculos escuros, não!

Por trás de meus óculos escuros, eu fujo do mundo... Não do meu mundo, mas do seu mundo. Sua existência me irrita, sua ignorância crônica e burra, que nao cessa apesar do mundo tentar te ensinar, me mata delicadamente e rasteiramente. Por trás dos óculos rachados pelo meu jeito afogados, pelos desastre de meus atos, pela inveja alheia ou o que mais lá que seja; por trás de meus óculos rachados, eu fujo do mundo: de seu mundo!

Por trás de meus óculos escuros, eu fecho meu mundo. Não quero qualquer um no meu mundo, não quero invasores, bárbaros, penetras ou afins no meu mundo. Quero ser eu só no meu mundo, eu e quem eu mais quiser, mas só eu decido quem entra, só eu! Por trás de meus óculos escuros, eu fecho meu mundo e te engano com minhas palavras monossílabas e minhas respostas prontas, porque não tenho tempo pra perder a mais do que o que já perco com você... Não no meu mundo...

Por trás de meus óculos escuros, eu encaro a vida! Pode ser que eu nao viva, mas de quê adianta viver, se estamos, sempre, condenados a viver cada um a sua ilusão? Você me diz: "não se iluda meu caro, encare a vida de frente!", e eu pergunto "o que é ilusão pra você, mademoiselle? Desde quando você me ensina a não fazer algo que é sua especialidade, mademoiselle?" Até quando, mademoiselle, até quando?

Por trás de meus óculos escuros, eu vivo a vida sim, encaro ela de frente, um pouco mais seguro, mas talvez nem tanto... É só a droga que cada um precisa consumir para agir, é só o estímulo, um dos estímulos... Por trás de meus óculos, mademoiselle, porque VIVER é o maior estímulo, e não dá pra viver sem estilo. Au revoir, ma petite!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Calor

Voltaram a se encontrar, já sem muito desejo, se bem que o desejo, reprimido, torna-se mais forte... A obcessão de não aceitar, que aparentemente encarou-se como "a cura do amor impossível" transforma-se no doce veneno de querer possuir, ser um... amar, quem sabe...

Voltaram a se encontrar, e durante todo aquele dia quente, procuraram mal se encarar, talvez já prevendo a explosão que aquela abstinência poderiam provocar. Inevitável, porém, o momento da saída: elevador, poucas pessoas, velhas tecnologias e um dedo do "destino" que faz o meio de transporte falhar justamente naquele momento, que não poderia ser mais impróprio, ou poderia...

_ Desce?
_ Desce sim... Eh... Tudo bem contigo?, perguntou meio sem graça.
_ Sim, respondeu olhando para o chão, não tão bem quanto poderia, mas fazer o que, né?
_ Não sei...
_ O que?
_ O que fazer, você disse: "fazer o que?", eu digo "não sei"...
_ Ah...
_Calor, né?
Silêncio humano, barulho mecânico: Deus e o diabo em meio metro de desejo...

Aquele ar abafado, toda a trepidação, o destino, a vida, os hormônios, o desejo, o sangue, a vida, a vida, oh vida... no impacto da freada, quando deram por si, estavam abraçados, mortos de desejo mas vivos de amor, enlouquecidos por uma paixão como nunca sentiram, e que talvez ninguém nunca tenha sentido... Quando deram por si estavam ali, um dentro do outro, agora um único pedaço de carne, que agora não era qualquer objeto inanimado que apenas sobrevivia, mas carne viva, a própria vida em si. Ele rasgou sua blusa com os dentes, enquanto a mão dela afastava de seus corpos qualquer objeto que os impedisse de sentir o calor, agora bom, que um exalava ao outro.

Amaram... e depois dormiram... e depois acordaram... depois se arrependeram de ato tão humano porque todos descobriram e que seria deles agora que todos sabem, que todos viram, que todos... mas que se danem os outros, poderiam pensar. Mas, aí, descobriram que não pensavam, que como parte de um sistema, suas vidas não eram próprias... seus desejos não eram seus e eles simplesmente... "Adeus"...

Tic... Tac...

As horas passam, todas iguais...
Todas vão distantes, mas por que as sinto tão inconstantes, tão irregulares, se as horas passam iguais?!

As horas passam iguais... e passam as horas, e sinto o bater de cada segundo; caminho rumo ao nada e penso comigo mesmo: pra onde? Tem futuro?

Passam as horas... mas não deixe que ela acabe...

A Passos Lentos...

A passos lentos caminho por entre as calçadas esburacadas de meus sonhos.
Na sola do meu pé, sinto cada relevo, cada buraco, não cada grão de pó que o vento espalha. E sinto a vida que brota do solo através dos raios de sol que esquentam a terra e queimam a palma de meu sapato, a sola de meu pé...

A passos lentos sigo em frente, ainda que tenha dúvidas... Que me resta se não caminhar e observar, e às vezes parar pra pensar, para amar, para rir, para chorar... Sigo em frente e, às vezes, vivo... Se bem que a caminhada já é estar vivo... Paro pra viver ou caminho pra sobreviver?

Através das calçadas esburacadas dos meus sonhos eu sigo, às vezes sorrindo, às vezes brincando; caindo e até levantando... O que mais há de se fazer?! Sigo meus sonhos, a passos lentos, sigo meus sonhos e, somente, sigo.

Por favor, siga comigo...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sossego...

Que versos tortos...
Mas, o que se há de fazer?!
Simplesmente não sei dizer
Quem sabe ao envelhecer...

Que tal minhas rimas pobres
para pobres almas nobres?
Intensão RICA
para almas LIMPAS!

Nu de preconceito, mas cheio de...

Não insista...

No meio de toda aquela situação embaraçosa, nada, pensou, poderia ser pior. Mas qual foi sua surpresa quando se viu de frente a ela, naquele lugar incomum, tentando achar dentro de si uma última gota de paciência para aguentá-la falar de suas dúvidas, e seu blá blá blá conhecido de quem sabe que incomoda mas não perde a oportunidade de incomodar... Seria fetiche, pensou alto, mas os barulhos do mundo a impediram de ouvir; será fetiche, continuou, agora em pensamento, me falar todas essas coisas todo santo dia sem que...

Tudo bem até então, disse a outra com a voz seca, o que se há de fazer? Ela permaneceu parada, como quem observa o horizonte imaginário: no fundo, procurava dentro de si e simplesmente não encontrava... Os carros passando acelerados, as pessoas, o sol, o calor, o barulho, todos os motores, todos os problemas do mundo, todo o mau cheiro, TUDO, e ela apenas pensa... O problema está em mim, não em você, continuou. Fazer o que? Talvez seja melhor não viver. Ou que tal esquecer... Sou eu, não você... Antes que a outra continuasse, ela levantou-se e saiu...

Ser ou não ser?

Amo compulsivamente
Quero incessantemente
Desejo ardentemente
...
Vivo apressadamente?

Seca...

Talvez seja eu e não você, disse cabisbaixa, o que se há de fazer? Melhor esquecer, né?! O que se há de fazer... é melhor esquecer...

Dentro dele havia tanto ódio, tanta tristeza, tanta coisa ruim que nem ele mesmo sabia explicar; simplesmente quis chorar e nao pôde. Estou seco, pensou, de mim não sai uma lágrima... O que vai ser de mim se agora nem, ao menos, posso...

O que fazer? Fazer...

Olhou ao redor e não tinha nada a que se apegar ou mesmo a quem chamar. Todos ao seu redor lhe eram estranhos, e, sinceramente, fodam-se todas as boas intensões do mundo. Ao inferno a boas relações... Perco meu tempo, pensou, me dedicando a pessoas de merda quando poderia durmir e, assim, libertar minha alma... Só nos meus sonhos sou realmente livre para ser feliz, ainda que seja no pior dos pesadelos. Só fora de mim eu sou feliz, só fora de mim...

Derrepente alguém se aproximou e interrompeu-se aquele momento de alguma coisa. Não sei o que estou fazendo aqui, disse meio tímido, revoltado com o mundo mas ainda preocupado com o que sentem os outros: "paciência, paciência" era tudo que ouvia dentro de si...

Tudo bem, alguém respondeu, há coisas piores...

Quando se deu conta, estava noutro lugar; lugar qualquer, ou lugar nenhum... Que importa se ainda estava preso. Pensou que podia ser feliz, e que tudo poderia ser mais simples, mas naquele dia ele foi condenado a não fugir... Sentiu cada parte de seu corpo depois de uma semana de sono mal durmido. Seus olhos ardiam, seus gases lhe palpitavam a barriga como espetos, seus ombros estavam mais caídos do que nunca e seus pés simplesmente não resistiriam a mais um minuto... Esperou pelo ônibus 50 minutos. E sobreviveu. Depois desmaiou... e sonhou: seco e sem vida. Seco...

E depois sonhou dinovo, e dinovo, e dinovo e dinovo... E o tempo passou, e ele sonhou, e o tempo passou... A vida passou...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Não insista...

Tudo bem até então, disse com a voz seca, o que se há de fazer?
Ela pernamneceu parada, como quem observa o horizonte imaginário... Os carros passando acelerados, as pessoas, o sol, o calor, o barulho, todos os motores, todos os problemas do mundo, TUDO, e ela apenas pensa...
O problema está em mim, não em você, continuou. Fazer o que? Talvez seja melhor não viver. Ou que tal esquecer... Sou eu, não você...

Antes que continuasse, ela levantou-se e saiu.

Conto de amor

Olhou-a a pressado, como que sabe que no olhar pode entregar tudo. Voltou a cabeça ao serviço, procurou nao fitá-la, mas quando deu por si estava, novamente, com o olhar de encontro ao dela. "Diga-me o que pensas e não tenha medo", sorriu, um tanto encabulada. "Nada demais", respondeu ele, também muito sem graça. E continuaram assim, por longos segundos.

Seu rosto rosava, sentia o sangue que corria em suas veias quentes e cada vez mais difícil de circular. Sua respiração estava difícil, ele sentia-se suando frio, sufocado, e ao mesmo tempo com uma sensação boa, algo inexplicável. Mas o que pudera fazer? Essas coisas não dão para controlar...

"Meu Deus, pensou ele, ela está vendo toda minha indiotice, toda essa minha vergonha, quero sumir daqui, que vergonha, que merda... O que farei, o que dizer? Como posso ter vergonha de uma coisa tão simples, por que estou assim, o que há em mim?" Ele queria sumir, mas não dá pra ser assim: a vida tem de ser encarada de frente, sem rodeios, mas ele tinha medo. E no meio de todo aquele misto de sensações, ainda sentia prazer e paz.

"Pode ir agora, se quiser..."

"Mas já?", perguntou.

"Sim. Amanhã a gente continua. Se cuide..." e saiu. E todas as lembranças dela se desfizeram, como o perfume que some aos poucos... Como o efeito do veneno que mata lentamente, ele simplesmente a via, deixava-a partir, saia do misto de emoções para o estado de sofrimento: ruim com ela, mas pior sem... O que dizer: pedir que não e revelá-la a verdade? Continuar assim para amanhã sofrer mais? O que fazer...

"sinto o quanto o mundo me pesa
queria digerir, mas a realidade é misteriosa e cruel
o que faço, o que me resta?
quero fugir, mas sei que não dá pra ser sempre assim..."
o que me resta?

Eu renasço, sempre só, só pra se viver?

Puro e simplesmente. Nao sou mutante por acaso, mas porque me transformo a cada instante, a cada novo segundo, agora e sempre.

Será que um dia eu vou chegar? Quem pode dizer? nem eu mesmo sei... também nao sei o que quero, só sei que quero, e quanto mais eu penso, às vezes mais difícil fica. Só que também fica mais gostoso, e tenho mais vontade de continuar, de proceguir, de encontrar...

"qual o segredo da felicidade?
será preciso ficar só pra se viver?
qual o sentido da realidade?
será preciso ficar só pra se viver...
só pra se viver...
ficar só...
só pra se viver...
ficar só, só pra se viver..."

Só resta saber que sou eu.
Só pra se viver, ou só pra se viver?

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Sono profundo....

Queria falar tudo que sinto, mas não sei como dizê-lo, pois acho que sinto mas não sei se é real ou se é alucinação... Um sonho bom, quem sabe?! Ou um pesadelo... Não sinto meus sonhos...

Queria fazer diferente, mas não acho forças para fazê-lo... Se almenos estivesse vivo, mas olho ao redor e não me sinto seguro pra agir.

Queria ser livre, mas o sono profundo que aprisiona minha alma não permite que eu seja quem realmente deveria ou queria ser... Só queria fazer diferente, mas como fazer se ainda não descobri a maneira, a realidade, a vida...
Preciso acordar desse sono profundo mas como?