Beijaram-se ardentemente por longos minutos, como se aquela fosse a primeira vez depois de longos anos... e de olhos bem fechados, sentiam um ao outro...
De olhos bem fechados um sentia ao outro: a língua do homem amado voava como um condor pelo céu de sua boca pequena, seu cabelo ruim fugia das mãos infantis, suas costas lisas e suadas eram arranhadas; suas coxas, sua barba mal feita que rasgava sua pele delicada, o cheiro bom de seu suor de homem, sua força, seu desejo... tudo agora fazia parte dela!
De olhos bem fechados, um sentia ao outro: o medo da mulher desejada, a dança suave de seus cabelos lisos, que impregnados de suor, deslizavam pesados, ainda que muito harmoniosos... seu cheiro bom de moça pura, seu medo de gostar dele, o próprio medo dele de ser tão parte dela, o amor...
Beijaram-se e amaram-se, e depois, saciaram-se, e depois durmiram, e depois sonharam, e no sonho amaram-se: LIVRES, sem medo de ser feliz. E depois acordaram. Depois de um beijo, as estrelas, as mãos que buscavam uma a outra, a gota de suor salgado que rolava pelo rosto de criança, os pêlos, os desejos, os sexos, os dois, nus, um com o outro, um tão parte do outro, um mais do que nunca dentro do outro... enfim... um e o outro!
Agora e para sempre, de olhos fechados ou não, um era o outro.
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