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domingo, 4 de novembro de 2007

casamento sem amor

Outubro de 1992.

Foguete era a única coisa à qual Ele poderia se apegar agora. Ele era filho único, sozinho no mundo apesar de tudo, tudo. Apertava foguete contra o peito como quem precisa muito de algo pra si... aquele misto de sensações novas e esquisitas o deixou confuso, e Ele não sabia que só queria chorar. Ele não sabia...

Na porta do quarto, de pijama azul piscina, Ele via, sem entender, aquela discussão dolorosa; sentia algo ruim dentro de si, e como saber o que era se, coitado, sua vida só se iniciara a tão pouco tempo. "Ainda tô aprendendo", repetia. Com os olhos cheios d'água e com o coração apertado, Ele assitia os dois gritarem e se baterem, tão diferente do que eram lá fora, tão diferente do ensinaram a Ele. Derrepente Ele viu ela cair em lágrimas, enquanto ele olhava pela janela, com dó, mas ainda forte. A dor que ela sentia Ele sentia em dobro, e no fundo ele também, e eles queriam ajudá-la, mas como? Ele mal sabia o que era aquilo. Já ele queria, como ninguém, aquelas lágrimas.

Ele permaneceu na porta do quarto, agora recolhido no chão, como ela, e derrepente sentiu escorrer de ser rostinho de sete anos uma gota quente de dor. Ele esquivou as sobrancelhas, tetou segurar o choro, mas a única coisa que conseguiu foi dar um soluço alto seguido de um jorro de água que nunca tinha derramado, nem mesmo nos momentos de egoísmo ou de manha... Ele chorou alto, eles congelaram, seus corações, como um só objeto, parou por um segundo, sentiram dentro deles a dor que Ele não entendia e não merecia sentir. Ela levantou-se, ele se vestiu, eles foram até Ele e ele não entendia, mas chorava, alma nua e desarmada, sem entender por quê. Eles o abraçaram e Ele soluçava, e soluçava, e não entendia o que diziam, apesar de garantirem estar tudo bem. "Como", pensava em meio àquela confusão que bagunçava sua cabecinha. Eles olharam-se, e pela primeira vez sentiram-se tão envergonhados quanto da primeira vez...

Todos choravam, mas agora a dor era a mesma, misturada à vegonha, ao arrependimento, ao não saber por quê...

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