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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Conto de amor

Olhou-a a pressado, como que sabe que no olhar pode entregar tudo. Voltou a cabeça ao serviço, procurou nao fitá-la, mas quando deu por si estava, novamente, com o olhar de encontro ao dela. "Diga-me o que pensas e não tenha medo", sorriu, um tanto encabulada. "Nada demais", respondeu ele, também muito sem graça. E continuaram assim, por longos segundos.

Seu rosto rosava, sentia o sangue que corria em suas veias quentes e cada vez mais difícil de circular. Sua respiração estava difícil, ele sentia-se suando frio, sufocado, e ao mesmo tempo com uma sensação boa, algo inexplicável. Mas o que pudera fazer? Essas coisas não dão para controlar...

"Meu Deus, pensou ele, ela está vendo toda minha indiotice, toda essa minha vergonha, quero sumir daqui, que vergonha, que merda... O que farei, o que dizer? Como posso ter vergonha de uma coisa tão simples, por que estou assim, o que há em mim?" Ele queria sumir, mas não dá pra ser assim: a vida tem de ser encarada de frente, sem rodeios, mas ele tinha medo. E no meio de todo aquele misto de sensações, ainda sentia prazer e paz.

"Pode ir agora, se quiser..."

"Mas já?", perguntou.

"Sim. Amanhã a gente continua. Se cuide..." e saiu. E todas as lembranças dela se desfizeram, como o perfume que some aos poucos... Como o efeito do veneno que mata lentamente, ele simplesmente a via, deixava-a partir, saia do misto de emoções para o estado de sofrimento: ruim com ela, mas pior sem... O que dizer: pedir que não e revelá-la a verdade? Continuar assim para amanhã sofrer mais? O que fazer...

"sinto o quanto o mundo me pesa
queria digerir, mas a realidade é misteriosa e cruel
o que faço, o que me resta?
quero fugir, mas sei que não dá pra ser sempre assim..."
o que me resta?

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