segunda-feira, 26 de maio de 2008
Insatisfação total - memórias de um fatídico domingo à tarde
De novo e de novo... e apesr da mutação, apesar do fluxo normal, apesar de tudo, a insatisfação com a vida é total e a solução de tudo se resume a um: amor.
E de um ao todo: preciso amar como antigamente.
Não inocente, mas profundamente, transparente, amar de alma, profundo.
Amar pelado, sem pudor, sem vergonha, sem pensar em depois: por hora. Agora!
Páginas do passado
Em busca de inspiração
Depois que caiu meu mundo
Eu caminho mudo
Por monturos Sujos e tristes
Vazio
Em busca de sentido e ritmo.
E o singo... do passado constante, que bate a porta do muro e ameaça atacar-me a qualquer momento apesar da falta de coragem mútua... o passado volta? Ou passado é passado?
terça-feira, 20 de maio de 2008
Quero escrever...
Loucomotiva quase lotada
Calor friozinho apesar das chuvas abafadas
Sentado no fim do carro eu penso nas pessoas, penso na vida, penso na dor e na ferida.
Que sensação interessante é essa que sinto agora, esse misto de decepção e medo, vontade e desejo, tudo... Tudo!
O que me importa?
O que eu realmente penso?
Às vezes acho tudo insuportável, mas ainda tudo foi tão pouco que certamente suportaria mais.
Suporto mais.
Ainda esperançoso de que tentando vai ser gostoso e enfim, eu chego lá.
Eu chego?
Eu chego!
Eu só preciso de organização e tempo. Tempo. Tempo...
Tempo.
Pateta - Viagem à Disney
As verdades do mundo
A mentira inocente
A carne crua e a lâmina fria que amedronta mas excita, embriaga, dá coragem suficiente para querer matar de dor. Ou de amor...
O limite do ódio
O passo para o amor
O mistério de saber as coisas mas, pra que querê-las prontas se o segredo é aprender... As feridas não são tão ruins apesar do sangue derramado.
Vermelho... Vermelho...
Eu
VERGONHA MAIOR sinto do tipo de gente que tenho que enfrentar no dia-a-dia: PESSOAS HIPÓCRITAS, que variam de OPINIÃO usando a desculpa de "METAMORFOSE AMBULANTE".
Mas O QUE É A VIDA se não a COLHEITA de coisas boas e ruins?
As PESSOAS são inevitáveis, mas me resta a opção de ESCOLHER... Por isso, ESCOLHER É O QUE ME ALEGRA... Descobrir com a convivência QUEM SÃO as pessoas e o que DE BOM (ou não) esconde-se por trás das máscaras; e mais ainda: REPUDIAR AQUELAS que disseminam o pior dos DEFEITOS: O PRECONCEITO.
VOCÊ está preparado para mostrar o que há por TRÁS de SUA MÁSCARA?
VOCÊ está preparado para ENCHERGAR o que se esconde por trás de MINHAS MÁSCARAS?
SOU O QUE SOU
Errando e aprendendo
E O QUE É A VIDA, Se não um amontoado de descobertasàs vezes TORTAS...às vezes DELICIOSAS...
O QUE NOS RESTA se não vivermos, aprendermos, e, DESESPERADAMENTE SERMOS FELIZES?
A vida é agora...O resto... OUTRORA!
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Momento...
Um frio denso e tenso que me toma a barriga, toda, e enlouquece tolo esse bobo. Bobo! Ansiedade pelo próximo segundo, o desejo de ter atenção e minutos... atenção... sentido. O próximo segundo, a ansiedade e o próximo, e o próximo e o próximo. Ansiedade: não tem fim?
O que sinto nesse exato segundo? Passos incertos acompanhados de uma divina solidão que é tão necessária quanto o ar que respiro e tão amedrontador quanto o bicho papão que embriagava minhas noites de sono enquanto menino..
Opa! Aprendi que o bicho papão não existe e eu sim, mas sem o ar eu não existo...
Bum
Decepcionado,
Frustrado,
Abafado e cansado...
Queria estar bêbado de álcool, mas estou bêbado de sono, como todos esse pobres zumbis que trabalham para dormir e dormem em qualquer lugar pra mais tarde trabalhar... Que infelizes, somos.
Socorro!
Estou me perdendo muito rápido dentro de mim mesmo; preciso achar o que finalmente faz de mim alguém feliz. Esse que eu achar será realmente eu, porque esse me satisfará apesar dos trânsitos no coração e no asfalto: incertos e traiçoeiros...
O avô e o menino
Vejo um velhinho.
Vejo muito amor.
Verdadeiro calor.
As mãos cansadas puxam a cordinha.
Os pés exaustos do dia freiam bruscamente.
Vai pra frente não somente o velhinho, mas também todos os presentes.
Todos!
Desce na frente o velhinho.
E por trás desce o menino.
Desce também o meu sono, meu vício, minhas tristezas e desatinos.
Tudo em mim se volta para olhar pela janela o encontro de carinho.
A mão cansada de tanto carregar os fados agora abraçam delicaos uma mão tão cheia de futuro...
Os olhares se cruzam, cúmplices.
E no meio do calor da selva de concreto;
Em meio ao barulho que enlouquece, os buracos fundos, à sujeira e às pessoas;
Em meio ao mundo duas almas se encontram, se seguram, se completam:
Com um simples olhar.
Um apertado encontro de mãos
A segurança de estar junto, já que antes só separados pela catraca.
E agora juntos
Seguros...
E o abraço para matar de inveja alguém que há tempos vaga perdido na selva da solidão.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Quem pode explicar
As poucas núvens no céu parecem brincar com a criatividade dos mais inspirados, as fomas singelas, engraçadas, exóticas: é um elefante, parece a areia da praia... é uma floresta vista de cima, é um pedacinho de algodão.
O sol forte de sete e meia me impulsiona a sair do abrigo e me aquecer em meio ao tempo. O tempo...
Mas a inspiração me falta e por isso me volto a minha toca.
Minha Estranha Loucura
É tentar te entender
E nao ser entendido
É ficar com você procurando fazer parte da sua vida
Minha estranha loucura
É tentar desculpar
O que não tem desculpa
É fazer dos teus erros, por motivo qualquer, a razão da minha culpa.
Minha estranha loucura
É correr por teus braços
Quando acaba uma briga
É te dar sempre razão
E assumir o papel de culpado-bandido
Ver você me humilhar
Por um canto Qualquer
Dependente total do se jeito de ser
Minha estranha loucura é tentar descobrir que o melhor é você
Eu acho que paguei o preço por te amar demais
Enquanto pra você foi tanto fez, ou tanto faz...
Magoando pouco a pouco
Me perdendo sem saber
E quando eu for embora
O que será que vai fazer?
Vai sentir falta de mim
Sentir falta de mim
Vai tentar se esconder
O coração vai doer...
Sentir falta de mim.
---
Um salve à Marron
(Letra de Paulo Massadas e Michael Sullivan)
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Apaixonado - refém de novas tecnologias
A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa do novo amor que embriaga a mente e o faz agir com o testículo, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta como quem precisa bater uma para estar vivo, digo, respirar para estar vivo...
Meu Deus, o que se passa na minha cabeça?, pensa, respondendo depois: qual das cabeças?
Ri um pouco e depois fica sério: Se concentra porra.
Recomeça:
A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa, do novo amor que embriaga a mente, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta, rasteira, melindrosa, covarde e fria, muito fria...
Pendura-se ao telefone como quem precisa respirar para estar vivo... Mas isso é tudo que ele ainda não é de verdade, só que a loucura que o novo amor provoca nele alegra a existência e amedronta o caminho a seguir. Para não encarar de frente, um salve ao bendito telefone.
Pensa um pouco.
Afinal, o que nessa chuva de sentimentos é verdadeiro?
E onde fica a carência nisso tudo?
E o futuro?
Ele sabe o que deseja para o futuro?
O que é que eu sinto de verdade?
Apaga.
O que é que ele sente de verdade?
Perguntar ou respirar fundo e cair de boca, digo, cabeça...
Hi, meu Deus... Lá me vem a piada das cabeças... Controla-se. E conclui:
Arriscar?
Se machucar?
Qual a coisa certa a fazer...
E o tempo, o que tem a me dizer...
Pára. Abre a janela para tentar respirar mais puro. O quarto abafado, a sala suja do encontro de ontem... Veste a camisa ainda molhada de suor, pega o carro e pára na primeira esquina. Trinta contos, mais vinte dá cinquenta, e por uma hora a saudade do novo amor se vai. Sempre com o telefone, sempre com o aparelho ligado. Porque a esperança é a última que morre e, ao primeiro sinal... se não tiver medo, vai lá e faz...
Mas coitado do menino: mal sabe ele que há momentos em que falha o sinal.
Às vezes, todos os sinais.
Troca de Pele
E tudo, tudo agora é um misto de novo com gosto de mesmo.
O cheiro de cafá, Bel querida, que tem cheiro de cafá de ontem em embalagem de amanhã...
O cheiro, o toque, o medo... É tudo novo com um misto de sempre, de novo, não tão diferente. E isso tudo um dia passará a ser novo assim que a última lasca dessa confusa troca cair por terra: crua e seca, morta, carregando com sigo, apenas, as marcas do que feriu mas hoje só me fortalece.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
O equilibrista
Beijos sem sabor, abraços sem calor.
Um dia, ao constatar tal veracidade, decidiu replanejar todo o seu intinerário dali para a frente, e inclusive, dali para trás: se não me conheces, quem garante que o mundo não pode ser de meu jeito? Novas metas, novas ações para a vida tornar-se realmente feliz...
Mas um dia, começou a surgir uma pergunta: até quando fazer novos novos planos? Até quando novos planos se a cada chance, deixava-se para a próxima, e para a próxima, e para uma próxima? Deixa-se para uma próxima, e de repente poderia não haver mais uma nova vez, uma nova vez, uma nova vez...
O que fazer?
Procuro almas
sexta-feira, 2 de maio de 2008
A corrente
E a essa corrente, por enquanto, nem mesmo os mais prazerosos amigos e saborosos momentos conseguiram arranhar. Arrancá-la de mim, então, ninguém nem nada ainda conseguiu.
Essa corrente, estranha, me prende ao mundo, me propicia medo, esconde meus desejos e confunde minha vida, me atrapalha, me distancia de todo mundo, me faz caminhar solitário e amedrontado, duvidoso... e não que assim não seja, mais não nessa itensidade, porque os aprendizados e o viver em si não me faz agir como um fraco que tem medo e... não... a corrente me faz encarar a vida de um jeito, mas socorro! Preciso de ajuda para arrancar de mim essa corrente e caminhar a partir de outro passo, para olhar de outro ângulo e sentir novos odores; o odor do mesmo, mas diferente, finalmente novo. Novo...
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Os devaneios inspiradores de cinco horas tristes
Domingo de sol forte depois de dias frios... Que lindo! A esperança brota em meu coração com tanta alegria quanto o passarinho que se esbalda na terra seca depois de dias tão lamaçais.
O sol brinca com meu rosto e com as plantas da sala e da área, e apesar de tudo, mal abro o olho para o domingo e já me sinto estranho: acho que estou sendo observado e esse alguém misterioso simplesmente diz que hoje é daqueles dias em que tudo vai dar errado; hoje é aquele dia em que tudo ao seu redor demonstra que a coisa certa a fazer é trancar as portas, todas, e encontrar-se com a paz que só a gente sabe, ao invés de tentar o outro, porque hoje, não importa a luminosidade do sol, ou a felicidade das plantas, do passarinho e de sua esperança: o outro hoje é outro mundo, outro espaço, outra realidade, oura coisa qualquer que não a sua...
Mas a fé de que tudo vai dar certo é mais forte e, certo disso, testo e me testo.
E por mais que as coisas, no decorrer do tempo, comprovem o que sentem meus poros, ouvidos e nariz, pele e coração, debruço-me sobre as esperanças e corro atrás do caminho, mesmo sentindo que há nele, logo à frente, um grande precipício, além de erros de percurso, e desencontros e tudo mais que some a nada menos o certo... Ou melhor: menos ao que quero.
O que quero?
Paro e penso...
Já são tantas coisas pensadas, ou melhor, tantos planos refeitos em míseras horas de domingo, aliadas (as horas) à febre da infecção, que nem eu mesmo sei o que. Agora dói o pé. E ao fim do dia, pergunto: tentar de novo ou dormir e perder tempo?
* O sol de domingo torrou minha pele durante alguns segundos de minutos, e a febre da infecção na ferida do coração, ou da alma, começa a tomar meu corpo e delirar minha vista mais que o corriqueiro. Meu cérebro ferve. Não sei do que preciso, porque agora já não estou mais em mim...
19 h 48 – Medo e Desejo
Inspiro-me instantaneamente com a incerteza de estar vivo e a instabilidade de minhas forças, todas, em enfrentar a vida e buscar o bendito sentido.
A fé que me sustenta é a mesma que me vislumbra e me entorpece e me enfraquece: agora, à medida que tudo dá fora do esperado e me encontro seco de esperança mas embriagado de vontade, pergunto-me se vai dar certo? Vai valer a pena? E como fazer?
Agora eu tenho Medo...
Agora estou Confuso...
Na sua visão não, mas na visão desse nobre vagabundo essa “coisa” é a carne viva: uma nova ferida de tantas que são feridas mas não fazem mal algum.
Não. Não fazem...
Simplesmente são feridas que na hora certa fecharão e aí, novas se abrirão, porque eu não paro nunca de viver e tentar viver e tentar fazer e tentar... A caminhada, os pés cansados, as homenagens todas e o medo contraposto à vontade de aprender... É tudo muito confuso e doloroso e exaustivo mas é, acima de tudo, um desejo irresistível de me arriscar e aprender e viver.
E quanto à fé, o que me resta se não acreditar ou tentar? De uma coisa já não tenho mais dúvidas: estou vivo!
* O copo de cerveja, Caetano e dona Lúcia. Todos se misturam no meu delírio. Não vou dormir
20 h 02 – Novas Tecnologias (O Retorno)
O celular aproxima, promete o outdoor. E antes que compre um, abasteço-me de dois!
Ah o celular e a esperança de estar junto, ainda que a quilômetros de distância, ou metros, mas distância. Por que não posso tocar-te pelo celular?
Antes de comprar o terceiro celular na esperança de triplicar o reencontrar com os outros ou uma só pessoa; antes de finalmente me aproximar de todos eles, pergunto-me como, se o celular mente? Digo, não mente o celular, mas a verdade do outdoor: quem garante que os destinatários atendem o celular? E antes que eu tente, lá está o celular desligado ou abandonado numa gaveta, na cozinha, no sofá, em cima da geladeira... Ou desligado, como deve ter pensado você...
Antes que eu enlouqueça com todos os códigos e todos os números e as inesgotáveis mensagens, todos; simplesmente me convenço de que o aparelho é um tosco e antes que insista já me vejo jogando-o ao longe, cheio de desespero que atendam, em fim, meus sinais eletrônicos que de tão tristes, são cômicos: coitado do solitário.
Desespero-me e espero, com esmero, que me respondam os chamados, e pedidos, e apelos: socorro! Alguém precisa saber de mim...
* Mais equilibrado agora: a lágrima fria, veja você que exótico, lava a alma e acalma o coração. Agora, lúcido, apesar da nova cerveja e do problema ao telefone, problema, aliás, o único a querer saber de mim nesse domingo de sol lindo e noite calma.
20 h 56 – O sentido do mistério
Agora entendo o por que de deixar no mistério... Quer dizer, ainda não sinto direito, mas hei de admitir que é muito mais confortável justificar a falta das amarras ao que queres pela força do mistério; justificando o ato de falhar como algo que não adianta porque o que rola é o mistério.
Entendeu?
Não, nem eu. Mas agora é tarde, é hora de partir: a última tentativa do dia antes de descansar a alma e o corpo.
* A brisa úmida e morna de domingo brinca com o suor que escorre em meu rosto. Sinto melhor, depois da dor, a sensação, pura e simples de carne.
21 h 17 - Solidão
Sinto-me muito bem em casa, na rua, atrás da porta, em qualquer lugar que cercado de gente esteja só, porque não basta a companhia para estar junto, mas sobretudo a atenção para não estar só, daí minha eterna fuga da indiferença.
Mas sozinho como agora, quatro cervejas na cabeça e uma dor no peito insuportável, a lágrima fria a escorrer, o suor a me tomar e o desejo desiludido, agora me sinto um merda porque quis refazer o mundo e não consegui. Não consegui... Ao fim do percurso, e longe de casa mas ainda cedo para dormir e reencontrar, finalmente acho que me achei e agora enxergo o que acho e trabalho esse achado com...
Pronto! Acabado...
Exausto, sem inspiração, pronto para voltar, fechar todas as portas e reencontrar aquele que é o percurso certo. Secou-se a fonte de asneiras, horas de recolher os cacos e reencontrar-se com o mutante no fundo sempre sozinho, sem influências, só com ele e mais ninguém.
* Solidão: finalmente me reencontrei comigo mesmo. Outro homem daqui pra frente, apesar do sempre? Só com o tempo...
No ofício de viver ...
domingo, 20 de abril de 2008
Domingo de manhã
Espero pacientemente que todas as horas passem e, que num determinado momento de bondade, a vida arreganhe os dentes para mim e me dê mais cinco minutos de vida. Não vida no sentido de vida simplesmente, porque vida eu já tenho e disso não reclamo. Falo da outra vida que é exatamente mais que estar vivo.
Não quero simplesmente sobreviver, quero viver; e não faz sentido viver sozinho, porque sozinho sobrevivo, mas junto estou vivo porque, de fato, vivo.Quero todos os sentidos e todas as palavras e todos os achismos e, sobretudo, todas as novas descobertas que, enfim, me mostrarão o sentido. De qualquer modo, sobrevivo porque a vida quer assim, e se for assim, contento-me com a sobrevida até que a vida me abra as pernas e permita mais cinco minutos de prazer.
Paciência é uma virtude, e antes que eu deixe a ansiedade deturpar o bom de estar só, paro-reflito-e-concluo que o ruim da vida não é estar só, mas antes de tudo, não estar vivo, mas apenas sobrevivo.
Reflito para achar o caminho, e todo o meu equilíbrio vem do estar sozinho. Não estou morto, muito menos mal acompanhado: trancado em pleno dia de domingo, encontro-me comigo mesmo e com todos os sonhos que procuro todos os dias, a cada novo passo incerto nesse caminho confuso, mas gostoso, prazeroso, preciosa sala de aula.
Domingo.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
A Borboleta
No meio disso, voa livre por entre os passos descompassados daqueles que caminham sem saber pra onde, e movimenta-se sábia; desvia e procura, mas não a uma flor ou a um copo d'água. Não a um galho seco ou a um lugar seguro, livre do vento. Ela simplesmente procura e depois acha...
Me acha.
Me beija.
Me pica.
Me mata.
Lá vem a benedida borboleta, trazendo um pouco de não sei o quê pra minha vida. Mas não se aproxime, oh duvidosa borboleta: se não sei a tua sina, como confiar em tua vinda?
Mas é tarde, pobre vagabundo; a borboleta é impiedoza, sugiro maliciosa, melindosa, espaçosa? Tomou-me de uma vez, derrubou minhas forças, coloriu minha vida e transformou meu espaço num grande jardim de rosas, num canteiro estranho, familiar mas distante, remoto, amedrontador mas instigante.
É o amor, pois?
Como saber? A borboleta, danada, já se foi...
terça-feira, 8 de abril de 2008
No ônibus
"Chacoalho"? Sim, chacoalho dentro da loucomotiva e os olhos, pra onde, pra onde devo apontá-los? Não olho para a moça que me encara ao lado, nem ao destinto senhor grisalho, muito menos à bela porém gorda senhora sedentário.
Para onde mandar meus olhos?
E meu desejo?
E minha sede?
São trinta minutos de jogo, de onde olho por céu e pro vidro, sujo, que me encara se o encaro mas foge se assim decidir fazer. Por quê a imagem do vidro teima em igual a mim fazer? Estou afito: olho pro olho que está ali refletido e ele me encara com veracidade, e aí me desespero porque olho com tudo, menos verdade, e como encarar a verdade que se encontra naquele olhar refletido, forte, voraz e decidido, se aquele seria eu, será que não sou mais eu?
Encaro o outro lado, encaro as paredes, vejo o mundo feio que se encolhe na janela, às vezes vejo a chuva, outras vezes só o embaraço, também há o vento que brinca no cabelo da menina, e o suor, sapeca, que teima em surgir de onde? Lapela? Capela? Dela!
Olhar pra onde dentro da Loucomotiva se os olhos ali presos estão presos ao presídio que é a vida em sua instância menos bonita? É vida sobreviver todos os dias? Sobreviver assim, o que seria o estado de vegetação, afinal, se estamos todos vivos, mas cada um em seu centímetro cúbico, calado, economizando as forças para o outro dia?
Penso
Penso
Penso
Penso
São dez e meia, mas ainda não são onze, agora que meu percurso chega ao meio, em que mais refletir: pensar sozinho, estar sozinho e nãodividir com ninguém o que se esconde.
Preciso que me digam: conte-me.
Conte-me...