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sexta-feira, 16 de maio de 2008

O avô e o menino

Três horas e pouca, não é manhã de domingo. Da janela embaraçada do ônibus, vejo o menino.

Vejo um velhinho.

Vejo muito amor.

Verdadeiro calor.


As mãos cansadas puxam a cordinha.

Os pés exaustos do dia freiam bruscamente.

Vai pra frente não somente o velhinho, mas também todos os presentes.

Todos!


Desce na frente o velhinho.

E por trás desce o menino.

Desce também o meu sono, meu vício, minhas tristezas e desatinos.

Tudo em mim se volta para olhar pela janela o encontro de carinho.



A mão cansada de tanto carregar os fados agora abraçam delicaos uma mão tão cheia de futuro...

Os olhares se cruzam, cúmplices.


E no meio do calor da selva de concreto;

Em meio ao barulho que enlouquece, os buracos fundos, à sujeira e às pessoas;

Em meio ao mundo duas almas se encontram, se seguram, se completam:

Com um simples olhar.



Um apertado encontro de mãos

A segurança de estar junto, já que antes só separados pela catraca.

E agora juntos

Seguros...


E o abraço para matar de inveja alguém que há tempos vaga perdido na selva da solidão.

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