Cansado de esperar a ligação que não vem, ele senta-se em frente ao computador para driblar a ansiedade, digitando envergonhado, mas (ou por isso) rapidamente:
A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa do novo amor que embriaga a mente e o faz agir com o testículo, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta como quem precisa bater uma para estar vivo, digo, respirar para estar vivo...
Meu Deus, o que se passa na minha cabeça?, pensa, respondendo depois: qual das cabeças?
Ri um pouco e depois fica sério: Se concentra porra.
Recomeça:
A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa, do novo amor que embriaga a mente, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta, rasteira, melindrosa, covarde e fria, muito fria...
Pendura-se ao telefone como quem precisa respirar para estar vivo... Mas isso é tudo que ele ainda não é de verdade, só que a loucura que o novo amor provoca nele alegra a existência e amedronta o caminho a seguir. Para não encarar de frente, um salve ao bendito telefone.
Pensa um pouco.
Afinal, o que nessa chuva de sentimentos é verdadeiro?
E onde fica a carência nisso tudo?
E o futuro?
Ele sabe o que deseja para o futuro?
O que é que eu sinto de verdade?
Apaga.
O que é que ele sente de verdade?
Perguntar ou respirar fundo e cair de boca, digo, cabeça...
Hi, meu Deus... Lá me vem a piada das cabeças... Controla-se. E conclui:
Arriscar?
Se machucar?
Qual a coisa certa a fazer...
E o tempo, o que tem a me dizer...
Pára. Abre a janela para tentar respirar mais puro. O quarto abafado, a sala suja do encontro de ontem... Veste a camisa ainda molhada de suor, pega o carro e pára na primeira esquina. Trinta contos, mais vinte dá cinquenta, e por uma hora a saudade do novo amor se vai. Sempre com o telefone, sempre com o aparelho ligado. Porque a esperança é a última que morre e, ao primeiro sinal... se não tiver medo, vai lá e faz...
Mas coitado do menino: mal sabe ele que há momentos em que falha o sinal.
Às vezes, todos os sinais.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário