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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Apaixonado - refém de novas tecnologias

Cansado de esperar a ligação que não vem, ele senta-se em frente ao computador para driblar a ansiedade, digitando envergonhado, mas (ou por isso) rapidamente:

A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa do novo amor que embriaga a mente e o faz agir com o testículo, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta como quem precisa bater uma para estar vivo, digo, respirar para estar vivo...

Meu Deus, o que se passa na minha cabeça?, pensa, respondendo depois: qual das cabeças?

Ri um pouco e depois fica sério: Se concentra porra.

Recomeça:

A dependência viciosa e penosa, por vezes nociva, e sempre perigosa, do novo amor que embriaga a mente, pendura-o no telefone e o faz necessitar de comunicação indireta, rasteira, melindrosa, covarde e fria, muito fria...

Pendura-se ao telefone como quem precisa respirar para estar vivo... Mas isso é tudo que ele ainda não é de verdade, só que a loucura que o novo amor provoca nele alegra a existência e amedronta o caminho a seguir. Para não encarar de frente, um salve ao bendito telefone.

Pensa um pouco.

Afinal, o que nessa chuva de sentimentos é verdadeiro?
E onde fica a carência nisso tudo?
E o futuro?
Ele sabe o que deseja para o futuro?
O que é que eu sinto de verdade?

Apaga.

O que é que ele sente de verdade?
Perguntar ou respirar fundo e cair de boca, digo, cabeça...

Hi, meu Deus... Lá me vem a piada das cabeças... Controla-se. E conclui:

Arriscar?
Se machucar?
Qual a coisa certa a fazer...
E o tempo, o que tem a me dizer...

Pára. Abre a janela para tentar respirar mais puro. O quarto abafado, a sala suja do encontro de ontem... Veste a camisa ainda molhada de suor, pega o carro e pára na primeira esquina. Trinta contos, mais vinte dá cinquenta, e por uma hora a saudade do novo amor se vai. Sempre com o telefone, sempre com o aparelho ligado. Porque a esperança é a última que morre e, ao primeiro sinal... se não tiver medo, vai lá e faz...

Mas coitado do menino: mal sabe ele que há momentos em que falha o sinal.
Às vezes, todos os sinais.

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