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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Os devaneios inspiradores de cinco horas tristes

19 h 35 – Crise de Esperança

Domingo de sol forte depois de dias frios... Que lindo! A esperança brota em meu coração com tanta alegria quanto o passarinho que se esbalda na terra seca depois de dias tão lamaçais.

O sol brinca com meu rosto e com as plantas da sala e da área, e apesar de tudo, mal abro o olho para o domingo e já me sinto estranho: acho que estou sendo observado e esse alguém misterioso simplesmente diz que hoje é daqueles dias em que tudo vai dar errado; hoje é aquele dia em que tudo ao seu redor demonstra que a coisa certa a fazer é trancar as portas, todas, e encontrar-se com a paz que só a gente sabe, ao invés de tentar o outro, porque hoje, não importa a luminosidade do sol, ou a felicidade das plantas, do passarinho e de sua esperança: o outro hoje é outro mundo, outro espaço, outra realidade, oura coisa qualquer que não a sua...

Mas a fé de que tudo vai dar certo é mais forte e, certo disso, testo e me testo.

E por mais que as coisas, no decorrer do tempo, comprovem o que sentem meus poros, ouvidos e nariz, pele e coração, debruço-me sobre as esperanças e corro atrás do caminho, mesmo sentindo que há nele, logo à frente, um grande precipício, além de erros de percurso, e desencontros e tudo mais que some a nada menos o certo... Ou melhor: menos ao que quero.

O que quero?
Paro e penso...


Já são tantas coisas pensadas, ou melhor, tantos planos refeitos em míseras horas de domingo, aliadas (as horas) à febre da infecção, que nem eu mesmo sei o que. Agora dói o pé. E ao fim do dia, pergunto: tentar de novo ou dormir e perder tempo?

* O sol de domingo torrou minha pele durante alguns segundos de minutos, e a febre da infecção na ferida do coração, ou da alma, começa a tomar meu corpo e delirar minha vista mais que o corriqueiro. Meu cérebro ferve. Não sei do que preciso, porque agora já não estou mais em mim...



19 h 48 – Medo e Desejo

Inspiro-me instantaneamente com a incerteza de estar vivo e a instabilidade de minhas forças, todas, em enfrentar a vida e buscar o bendito sentido.

A fé que me sustenta é a mesma que me vislumbra e me entorpece e me enfraquece: agora, à medida que tudo dá fora do esperado e me encontro seco de esperança mas embriagado de vontade, pergunto-me se vai dar certo? Vai valer a pena? E como fazer?

Agora eu tenho Medo...
Agora estou Confuso...


Na sua visão não, mas na visão desse nobre vagabundo essa “coisa” é a carne viva: uma nova ferida de tantas que são feridas mas não fazem mal algum.

Não. Não fazem...

Simplesmente são feridas que na hora certa fecharão e aí, novas se abrirão, porque eu não paro nunca de viver e tentar viver e tentar fazer e tentar... A caminhada, os pés cansados, as homenagens todas e o medo contraposto à vontade de aprender... É tudo muito confuso e doloroso e exaustivo mas é, acima de tudo, um desejo irresistível de me arriscar e aprender e viver.

E quanto à fé, o que me resta se não acreditar ou tentar? De uma coisa já não tenho mais dúvidas: estou vivo!

* O copo de cerveja, Caetano e dona Lúcia. Todos se misturam no meu delírio. Não vou dormir


20 h 02 – Novas Tecnologias (O Retorno)

O celular aproxima, promete o outdoor. E antes que compre um, abasteço-me de dois!

Ah o celular e a esperança de estar junto, ainda que a quilômetros de distância, ou metros, mas distância. Por que não posso tocar-te pelo celular?

Antes de comprar o terceiro celular na esperança de triplicar o reencontrar com os outros ou uma só pessoa; antes de finalmente me aproximar de todos eles, pergunto-me como, se o celular mente? Digo, não mente o celular, mas a verdade do outdoor: quem garante que os destinatários atendem o celular? E antes que eu tente, lá está o celular desligado ou abandonado numa gaveta, na cozinha, no sofá, em cima da geladeira... Ou desligado, como deve ter pensado você...

Antes que eu enlouqueça com todos os códigos e todos os números e as inesgotáveis mensagens, todos; simplesmente me convenço de que o aparelho é um tosco e antes que insista já me vejo jogando-o ao longe, cheio de desespero que atendam, em fim, meus sinais eletrônicos que de tão tristes, são cômicos: coitado do solitário.

Desespero-me e espero, com esmero, que me respondam os chamados, e pedidos, e apelos: socorro! Alguém precisa saber de mim...

* Mais equilibrado agora: a lágrima fria, veja você que exótico, lava a alma e acalma o coração. Agora, lúcido, apesar da nova cerveja e do problema ao telefone, problema, aliás, o único a querer saber de mim nesse domingo de sol lindo e noite calma.



20 h 56 – O sentido do mistério

Agora entendo o por que de deixar no mistério... Quer dizer, ainda não sinto direito, mas hei de admitir que é muito mais confortável justificar a falta das amarras ao que queres pela força do mistério; justificando o ato de falhar como algo que não adianta porque o que rola é o mistério.
Entendeu?

Não, nem eu. Mas agora é tarde, é hora de partir: a última tentativa do dia antes de descansar a alma e o corpo.

* A brisa úmida e morna de domingo brinca com o suor que escorre em meu rosto. Sinto melhor, depois da dor, a sensação, pura e simples de carne.



21 h 17 - Solidão

Sinto-me muito bem em casa, na rua, atrás da porta, em qualquer lugar que cercado de gente esteja só, porque não basta a companhia para estar junto, mas sobretudo a atenção para não estar só, daí minha eterna fuga da indiferença.

Mas sozinho como agora, quatro cervejas na cabeça e uma dor no peito insuportável, a lágrima fria a escorrer, o suor a me tomar e o desejo desiludido, agora me sinto um merda porque quis refazer o mundo e não consegui. Não consegui... Ao fim do percurso, e longe de casa mas ainda cedo para dormir e reencontrar, finalmente acho que me achei e agora enxergo o que acho e trabalho esse achado com...

Pronto! Acabado...

Exausto, sem inspiração, pronto para voltar, fechar todas as portas e reencontrar aquele que é o percurso certo. Secou-se a fonte de asneiras, horas de recolher os cacos e reencontrar-se com o mutante no fundo sempre sozinho, sem influências, só com ele e mais ninguém.

* Solidão: finalmente me reencontrei comigo mesmo. Outro homem daqui pra frente, apesar do sempre? Só com o tempo...

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