BlogBlogs.Com.Br

Pesquisar este blog

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Com amor

Deslizo sereno pela paz que teu sono traz ao nosso mundo.
Tua respiração indecisa e os músculos, quase todos, indo e vindo; enquanto eu só observo e espero e, venero? Não importa...
Os cabelos ao rosto, o suor, as juras e tudo mais... Tudo é diferente e penso que...
Por que depois do amor me encontro mais sensível ao mundo e a tudo? Revivo os dias todos e todos os outros e, tudo que se havia pensado eu relevo, e repenso e renovo. Tudo, inclusive eu. Ou mim? A mim? Que importa, dirias, se me tivesses por inteiro.
Deslizo mais um pouco pela paz de teu sono e misturo os sonhos todos. Não há pressa, não há problema, há só um pouquinho de saudade, mas antes que a sinta maior, digo Adeus ao futuro e aspiro mais um pouco de paz e amor...

A lágrima

Sinto saudade, calor e fome.
Mas o que dói mesmo é a saudade, e pra isso, simplesmente parece não haver jeito, porque como resolver a saudade daquilo que não se tem?
Sobrevivo à desilusão com saudade do que não tive e com esperança de, quem sabe, reviver o que até então está guardado no mundo dos sonhos.
Choro... Choro? Choro por dentro, choro nos sonhos, quero chorar agora, mas não consigo, apesar da dor, apesar do desejo, apesar de tudo e, sobretudo, apesar da saudade.
Quem sabe na hora de ver você, porque agora sei, e dou graças à mais louca das Isabeis de minha vida: “no fundo, é tudo ilusão. Por isso, não se envolva muito...”
Eu me envolvi, e agora o que me resta se não subsistir?
Pensando em tudo, agora, o olho enche, a garganta prende, a vista fica confusa e, eu choro, sozinho, pra que ninguém possa saber e...
Já é tarde. Adeus.
A lágrima me fere minha alma e eu penso: talvez não seja saudade, mas decepção... A lágrima; não saudade, mas decepção...

Pela milésima vez

Profundo, obscuro e confuso, apesar de doloroso. É todo que sinto e não sei expressar, se quer como expressar... Mesmo a quem expressar.... E no meio da jornada, sinto que me conformo: já não resta muita esperança, pois o que quero pra mim não significa muito aos outros; simplesmente não faz sentido ao que os outros desejam... Bendito significado...
E assim, minha caminhada torna-se mais dolorosa, mais exaustiva, mais solitária, mais... Rica? Acordo, a cada manhã de sol ou chuva, com um pouco mais de experiência e, por mais estranho que possa parecer, esperançoso. Muito esperançoso: já sei como fazer, e tenho, relativamente, aqueles que quero em minhas mãos.
É hora de espremer pra ver se há algum sentido.

Nem tudo deve ser dito

Tenho tantas coisas pra dizer ao mundo, mas simplesmente não sei como dizer, muito menos quando ou a quem...
A umas, acho que amo, mas não sei dizer “te amo”...
A outras, tenho profunda repugnância, mas acredito que ela pode não ser verdadeira...
Também sinto raiva, pena, inveja, admiração e muitas coisas outras...
Algumas eu quero comer, outras eu quero só comer...
Outras eu gostaria muito de tê-las, mas umas, eu sei, não dá; outras, quem sabe...
Sinto tantas coisas que nem sei como descrevê-las, e, ao mesmo tempo em que me aflijo, me divirto, desenvolvo-me e fortaleço-me, sabendo que há muito que dizer, mesmo que não haja necessidade de se dizer, porque certas coisas, eu já sei, simplesmente é melhor não dizer antes de se conhecer...

Homenagem – Tatiane Michele das Não Sei Quantas

É um misto tão grande de sensações em tão pouco espaço, meu amor, que não sei o que vem primeiro... Mas acho que no fundo tudo isso é muito bom! Simplesmente não tenho paciência para manuais de instrução...

Que romântico o casal da bicicleta

Reclamo do calor que toma o veículo, apesar do ar a poucos graus centígrados; reclamo dos buracos da estrada, do sol de meio dia, do mundo e tudo mais. Dia cinza apesar do céu azul, penso... Por trás de meus óculos escuros, tento ver algo de belo no ritmo lento que tomamos e só enxergo um casal na bicicleta.
No sol do meio dia, penso, estrada quente de doer?! A bicicleta range e o homem dá mais uma volta. E outra. E outra.
Força...
Força...
Força...
Força...
A mulher, em sua garupa, abraça sua cintura com um ar de segurança tão grande que chego a me irritar... Estão felizes, penso?
O suor escorre em sua face sofrida mas o homem segue forte e seguro, desviando dos buracos e satisfeito, apesar de tudo.
Estão felizes, penso? Como podem?
O casal desce feliz a ladeira enquanto o carro desvia, devagar, de todos os buracos, em trepidantes movimentos. O macho feliz por defender sua fêmea, a fêmea feliz por ser útil a seu macho. O casal feliz que vai, pra aonde, com uma trouxa na cabeça e suor de meio dia.
Estão felizes, penso? Eu não, apesar de tudo...

Dá-me a tua mão...

Perdido no mundo de sonhos que construí para nós dois, perco-me cada dia mais graças ao veneno inebriante que alguns chamam de amor. Loucura, não?
Caminho sozinho por cenários sombrios e misteriosos, caminho com medo porque levantei um universo nosso mas permaneço só, sozinho, com medo e perdido.
Por que não caminhas comigo? Esse mundo é todo teu! Vem pro teu mundo de segredo: é finito, é bonito, bem pertinho, infinito...
Basta que me dês a tua mão... Dá-me a tua mão...

Sandália Laranja

Os pés quase descalços deslizam pesados e um pouco sujos pelo piso quente do ônibus de aço. É aço? Ou ferro? Ferro. Os pés quase descalços da jovem senhora que combina a saia laranja com a sandália limão são de ferro...
É de propósito, então, que combina saia limão com sandália laranja? É sem propósito, por certo...
A jovem senhora sacode no ônibus lotado e seu singelo chinelo laranja protege os delicados pés de ferro quase descalços, que sofrem mas pisam firmes, como seus sonhos, certamente, como sua fé, como sua mão firme quando puxa a cordinha, balançando, mas firme, muito firme...
Lá se vai a senhora jovem firme e forte apesar de delicada e quase descalça, mas calçada com um seu chinelo laranja; a vaidosa senhora que combina limão com laranja segue firme como os passos meio desvairados mas acertados. Todos...

Na Estrada pra Afogados

Escrevo essas linhas vazias para preencher o vazio das linhas de minha vida, e não que minha vida seja vazia, não é. Pelo menos não a é toda... Ou é? Como saber?! Mas o momento é complexo, por demais cansado, fadado e tedioso. Preciso de linhas simples para preencher a fadiga fria dessa viagem cansativa. Já que não há socorro a essa solidão contida, que, ao menos, as rimas pobres me ajudem a passar o dia...
Amor com Dor
A Você com Amor
A Eu, a dor

E Você, amor? Meu Amor...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Brinquedo - continuação do ato de enlouquecer

Banheiro. O banho depois do amor. Ela se enxuga pacientemente, ele senta-se no chão gelado. Ela nada diz há, pelo menos, um minuto. Ele já pensa besteira. Ela veste a roupa. Ele observa. Ela vai embora. Ele se desespera.

Sou teu, todo teu, como nunca fui de mais ninguém, completamente.

Eu sei amor, responde meio fria. Ou simplista?

Faça de mim um escravo, se bem que isso eu já sou... Mas faça também um tapete, um porto seguro, um bichinho, um passa tepo, um qualquer coisa que seja teu. Faça tudo comigo, mas por favor, não brinque comigo amor, porque se há algo que desrói o amar, esse algo chama-se brincar.

Que lindo amor! Mas tô bêbada ainda, não to entendendo bem o que dizes... Bebe outro gole de vinho.

Admito que mintas baixinho, de leve, rasteiro e tudo mais... Mas se brincas com o que sinto, se me enganas de verdade, se me queres fácil pra depois jogar fora, juro amor, morro na hora, mas depois levanto e te...

Te mato! Interrompe ela, meio tonta, às gargalhadas. Os atos disfarçam as lágrimas que surgem em seus olhos: emoção pela declaração... Mas que emoção? Medo? Admiração?

Eu te mato, e mato não pelas vias comuns, porque se morreres não haverá mais graça... Mato você pelas vias da alma...

Seus olhos brilham... O dela também. A lágrima...

Te apago da minha vida, afasto o mundo de você e te ofereço toda minha indiferença que puder te dar. E se for pouca, te ofereço também minha piedade, minhas migalhas e, depois, minha profunda distância e desatenção. Pra sempre amor, pra sempre...

Ela desliza encostada na parede, agora os olhos estão no mesmo nível. As lágrimas...

Não pense que te quero mal, amor, não quero... É que é tanto amor que te tenho que não admito que machuques minha alma... Conheço a tua como a palma de minha mão, e no dia que me enganares assim, machuco direto onde sei que dói mais, porque se me observasses bem, sabes que não sou de rodeios, mas de ação: milimétrica e muito bem pensada para não ter que agir de novo.

Enchuga as lágrimas dela. Ela cospe em seu rosto. Ele não consegue desviar. O ar está humido, apesar do chão aparentemente frio. O mundo gira para os dois, há um doce cheiro de vinho.

Pronto amor. Pode ir... Desculpe-me se te assustei amor, mas é assim que sou...

Por que te envenenas? Pergunta. Não vês que te matas aos poucos com esse ci´me doentio e esse amor desvairado? Se acabar o amor, meu caro, de nada adiantará a tua fúria ou os teus lamentos, porque assim é o amor: imprevisível. Não sabes que te amo? Pois aguças teus sentidos e pára de beber. Prestas mais atenção ao que faço e digo, e se ainda assim não encontrares, diz-me o que queres que eu faça que assim o farei. Juro.

Abraçam-se e choram.

Amam-se ali mesmo. Depois dormem.

Novas Tecnologias

Tarde de outubro.

Sábado, três horas da tarde e dezenove minutos (15h19 jornalisticamente?)...

Sentado em frente à máquina de escrever, o coração e o corpo suados. A inspiração me foge, e em meio ao barulho do ventilador, observo o celular, que reflete a luz do sol que me invade pela janela.

Pego o celular.
Observo o celular: primeiro ele fica aceso, depois apagado. Ao apagar, vejo algo familiar na tela do celular. Estou esperando sinal, estou esperando uma chamada. Estou esperando alguma coisa, estou esperando você.

À tua espera, que não finda, me vejo na tela de um celular. Que estranhas essas novas tecnologias: garantem que aproximam, mas, na verdade, escravizam.
À espera de tuavoz, num instante de calmaria, é possível ver meu rosto, meus lábios, meus olhos... Todos, pela tela do celular, que reflete tudo mais que for exposto na sua frente. Às avessas, mas reflete. Reflete tudo, menos minha loucura, menos minha solidão, menos minhas carências afetiva e deterioração emocional adquiridas depois de ter você.
Independente de ligado ou desligado, o celular, em sua bendita tela colorida, reflete meu olho.

Janela da alma?
Que bobagem!

O celular não reflete minha dor, e é a presença de tua voz que acalmará minha alma, não o celular. Não o celular? O que estou fazendo com o celular desligado? Tenho que ficar atento caso você venha a me ligar... Tenho que me controlar, não posso perder minhas esperanças, sei que, no mais tardar, logo logo você me ligará. Me ligará... Pensamento positivo... É...

Enlouquecendo - Capítulo I

O beijo.

O toque.

A paixão.

A pergunta:

Quantas horas do dia tu pensas em mim? Ouça: penso nos teus beijos, tuas curvas e teu gosto exótico de carne fresca. Penso no sabor salgado de teu suor, e nos pêlos, todos, espalhados por teu íntimo. penso no que me dizes, no que deixas de dizer, e, até, no que, quem sabe, gostarias de dizer. penso em você a cada milésimo de segundo que sobrevivo. Vou vegetando pela vida enquanto me contento com as migalhas de teu amor. Penso a cada segundo, sonhando ou acordado, no banho, no quarto, nos sonhos, em todo caso, enfim... dedico minha existência a essa louca paixão e você... e você?Há quantas horas do dia pensas em mim? Você, se quer, pensa em mim? Sim, porque juntos é tanto amor e tanto, e tanto amor, e tanto amor, que chegas a ficar enjodo. Mas, e quando estamos longe?

Que comentário idiota! Cala a boca e volta pro que tava fazendo.

E, novamente, o beijo...

Banco de praça - diálogo ao telefone.

Levanto-me.

O sol das dezesseis já não me cansa tanto, mas ainda estou cansado. Ponho a mão no bolso e retiro o papel com teu telfone. No outro bolso, procuro a última ficha que me restou da última vez que te liguei.

Concentro-me.

Vou ao aparelho de telefonia público, jogo a ficha como quem aposta no jogo que mudará sua vida. São quatro e pouco, se não veio, sei que estais em casa. O telefone chama depois que disco os benditos números, e a cada pulso, pulsa mais forte meu coração, pulsa mais pesado o meu sangue, pulsa mais demorado o meu destino. Você atende. Mas não fala nada se não um seco Alô. Penso rápido, não sei o que fazer, a ligação vai cair, despejo como um esgoto...

Esperei você por tanto tempo... quer dizer, faz tão pouco tempo, mas imagine os segundos longe da pessoa que se ama loucamente e descobrirás que o infinito é pouco pra distribuir os lamentos todos... Te esperei com tanta fé, juro, com esmero, com respeito, leal e pacientemente; mas o amor mata, meu bem... O amor nos mata, e antes que morresse novamente, porque me apaixono fácil e sempre sozinho, antes que morresse preferi sobreviver para, quem sabe amar novamente e daí ser amado...

Pausa. Quero chorar. Seguro-me... A ligação vai cair, preciso terminar.

É a esperança que me resta, amar. Como saber se não tentar? Juro, meu amor, juro pelo que há de mais sagrado, se chegasses a um segundo, talvez não fosse tarde, mas agora, agora que matei de afogo o amor, naquele copo de tinto que criou o traidor, aquele da tempestade amor, aquele...

Lágrimas? Prossigo...

É tarde, amor. É tarde! Se pudesse recuperar o amor, o amor...

Cai a ligação. Largo o telefone. Caminho... Aliviado? Só o tempo há de dizer. Dezesseis e quarenta. Já não me machuca mais. O Sol...

O Celular...

Apego-me ao aparelho como quem necessita do oxigênio para existir.

À espera da hora para ouvir tua voz, vou sobrevivendo apenas, como um zumbi que existe sem razão para viver... Estou vivo, somente, mas sem nenhum ânimo para a vida que não seja o de esperar você ou agradar você ou ser você ou, quem sabe, comer você... Na esperança de um segundo de você, me apego ao celular antes que enlouqueça ou morra de sadades. E pra continuar vivo vou depositando no celular a esperança de ter você, de me aproximar de você, de...

Que estranha loucura essa que me toma: me tranco do mundo e me apego ao celular por tua causa. É isso o amor? Amor moderno? Cansado de amar assim...

Sem palavras...

Como explicar que mergulho fundo nas pessoas que me cercam e necessito delas até o último segundo para ser mais feliz e existir?

Encontro-me no fim do mergulho, já sem o ar e... Meu Deus, falta-me o ar... Eu lamento informar, mas é hora dos laços desfazer. Perdoem-me aqueles que voarem perdidos pela imensidão da vida - que pretensão minha achar que os outros, e não eu, serão prejudicados com o fim... - eu lamento, juro, lamento não ser do jeito que deveria ser, mas no ato de emergir no qual me encontro, juro, só preciso de um pouco do ar fresco que teu amor me toma.

Adeus! Já é tarde... Adeus.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ciúme

Na praia, observa o horizonte do meio dia ao verão dos trópicos enquanto digere mais uma gota do cigarro... não é de seu feitio consumir tabaco, mas o nervosismo o levara ao ato. Calmamente, uma gota e outra: o suor que brinca com os pêlos de seu peito, a lágrima que percorre seu lindo rosto de garoto. O rosto, calmamente... Derrepente, vê-se acompanhado, mas não reclama. Apenas contempla o horizonte e a outra baforada de substâncias. Calmamete? Talvez não mais calmamente...

Desculpe-me, diz-lhe a voz meio envergnhada, talvez um pouco sedenta de desejo.

Não devo desculpas a você, responde firme, um pouco magoado, mas honesto, verdadeiro.

Não sei o que deu nela, ela sempre faz isso, mas nunca agiu assim, continua. Olham-se e não etendem o que acabou de ser dito. Esses malditos óculos escuros, pensa...

Digo... ela é ciumenta, mas não a esse ponto, entende?, tenta, sem grande sucesso. Que vergonha, que vergonha, repete, enquanto leva as mãos ao rosto. Ele permanece parado, focado, sufocado?

O sol do meio dia transforma o horizonte, traspondo um movimento sensual a tudo que se encontra a sua frente, quase como numa dança de belos quadris. Um manjar dos deuses. Ou seria aos deuses? O suor continua a escorrer por seu tronco nu, e a gota de lágrima ainda brinca com sua pele branca, escondida do sol pelos benditos óculos escuros.

O outro levanta-se, chorando, e vai embora, enquanto ele permanece solitário. Firme, mas magoado. É o fim. É o fim?, perguntam-se, sem saber. Como saber?

Canção do vento e da minha vida (que inveja de Bandeira)

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Saudade - o isolamento em busca de Inspiração

Derrubo os papéis sobre a mesa e esvazio as prateleiras do armário da sala. A poeira entra em minhas vias respiratórias e me vejo espirrando e respirando mal.

Controlo-me!

Bebo mais um gole de vinho tinto. Meu sangue finito... tudo parece mais azulado naquela tarde de estranho frio nobre, como o sangue de um Lord. Tudo mais azulado, inclusive os papéis, as paredes e os livros...

Bebo pra esquecer, penso, enquanto me concentro pra atividade que fazera.

Derrepende ouço um barulho estranho, vindo de não sei de onde, feito de não sei o quê no meio daquele universo rustico de madeira, cimento, natureza e tempo. Que barulho estranho, é o celular, no silencioso, que vibra incessantemente, talvez em busca de consolo, talvez em busca de desterro...

Onde está esse bendito, pergunto, derrubando os papéis no chão frio de cimento e terra. Por que não desliguei o aparelho, digo, enquanto me dou conta da bagunça em que me encontro em menos de segundos... quantos segundos?

Limpo a mesa com um único movimento. O vinho tinto escorre na parede e as sobras de cigarro espalham-se pelo ar úmido. Chamo algum palavrão escabroso e, no meio de tudo, vejo o celular espatifar-se ao chão: bateria para um lado, aparelho para o outro, como numa dança onde as partes separam-se para nunca mais se sencontrar.

Controlo-me. O vinho tinto já corre em meu sangue frio, penso.

Uno as partes separadas, como a fada madrinha que abençoa o amor puro dos recém separados... paro. Estou bêbado... Uno as partes separadas com a sede de quem necessita da resposta ao enigma. Ligo o aparelho, rodo atrás de opções confusas e paro nas ligações não atendidas... vejo um número separado pelo último gole de vinho: é seu nome que o aparelho mostra. Seu nome... teu nome. Sento no chão, e novamente espatifo o aparelho contra a parede. Procuro o que resta do vinho e concluo que o que resta de mim escorre pelo chão, como o líquido tinto de 1915.

Choro...

Gafanhoto

Vou brincando de amar enquanto houver graça, e vou brincando de sofrer e machucar e enganar e mentir pra mim mesmo enquanto for interessante, porque no dia em que me abusar, simplesmente parto pra outra forma de sentir que não seja a de hoje: que seja a do passado ou a do futuro.

De que importa a forma de sentir?

Vou me enganando de brincar de amar enquanto for gostoso, e pronto: o corpo é meu, eu faço dele o que quiser eu...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Desabafo – as lamúrias de um pobre coração confuso

Minha goela está pesada, congestionada; há um nó interrompendo tudo.
Meus olhos, pesados, lacrimejam; sofrem; ardem; e só querem chorar.
Mas não posso chorar, não há motivo pra chorar, chorar por que se não há motivo...
Desculpem, preciso chorar...