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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Banco de praça - diálogo ao telefone.

Levanto-me.

O sol das dezesseis já não me cansa tanto, mas ainda estou cansado. Ponho a mão no bolso e retiro o papel com teu telfone. No outro bolso, procuro a última ficha que me restou da última vez que te liguei.

Concentro-me.

Vou ao aparelho de telefonia público, jogo a ficha como quem aposta no jogo que mudará sua vida. São quatro e pouco, se não veio, sei que estais em casa. O telefone chama depois que disco os benditos números, e a cada pulso, pulsa mais forte meu coração, pulsa mais pesado o meu sangue, pulsa mais demorado o meu destino. Você atende. Mas não fala nada se não um seco Alô. Penso rápido, não sei o que fazer, a ligação vai cair, despejo como um esgoto...

Esperei você por tanto tempo... quer dizer, faz tão pouco tempo, mas imagine os segundos longe da pessoa que se ama loucamente e descobrirás que o infinito é pouco pra distribuir os lamentos todos... Te esperei com tanta fé, juro, com esmero, com respeito, leal e pacientemente; mas o amor mata, meu bem... O amor nos mata, e antes que morresse novamente, porque me apaixono fácil e sempre sozinho, antes que morresse preferi sobreviver para, quem sabe amar novamente e daí ser amado...

Pausa. Quero chorar. Seguro-me... A ligação vai cair, preciso terminar.

É a esperança que me resta, amar. Como saber se não tentar? Juro, meu amor, juro pelo que há de mais sagrado, se chegasses a um segundo, talvez não fosse tarde, mas agora, agora que matei de afogo o amor, naquele copo de tinto que criou o traidor, aquele da tempestade amor, aquele...

Lágrimas? Prossigo...

É tarde, amor. É tarde! Se pudesse recuperar o amor, o amor...

Cai a ligação. Largo o telefone. Caminho... Aliviado? Só o tempo há de dizer. Dezesseis e quarenta. Já não me machuca mais. O Sol...

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