Banheiro. O banho depois do amor. Ela se enxuga pacientemente, ele senta-se no chão gelado. Ela nada diz há, pelo menos, um minuto. Ele já pensa besteira. Ela veste a roupa. Ele observa. Ela vai embora. Ele se desespera.
Sou teu, todo teu, como nunca fui de mais ninguém, completamente.
Eu sei amor, responde meio fria. Ou simplista?
Faça de mim um escravo, se bem que isso eu já sou... Mas faça também um tapete, um porto seguro, um bichinho, um passa tepo, um qualquer coisa que seja teu. Faça tudo comigo, mas por favor, não brinque comigo amor, porque se há algo que desrói o amar, esse algo chama-se brincar.
Que lindo amor! Mas tô bêbada ainda, não to entendendo bem o que dizes... Bebe outro gole de vinho.
Admito que mintas baixinho, de leve, rasteiro e tudo mais... Mas se brincas com o que sinto, se me enganas de verdade, se me queres fácil pra depois jogar fora, juro amor, morro na hora, mas depois levanto e te...
Te mato! Interrompe ela, meio tonta, às gargalhadas. Os atos disfarçam as lágrimas que surgem em seus olhos: emoção pela declaração... Mas que emoção? Medo? Admiração?
Eu te mato, e mato não pelas vias comuns, porque se morreres não haverá mais graça... Mato você pelas vias da alma...
Seus olhos brilham... O dela também. A lágrima...
Te apago da minha vida, afasto o mundo de você e te ofereço toda minha indiferença que puder te dar. E se for pouca, te ofereço também minha piedade, minhas migalhas e, depois, minha profunda distância e desatenção. Pra sempre amor, pra sempre...
Ela desliza encostada na parede, agora os olhos estão no mesmo nível. As lágrimas...
Não pense que te quero mal, amor, não quero... É que é tanto amor que te tenho que não admito que machuques minha alma... Conheço a tua como a palma de minha mão, e no dia que me enganares assim, machuco direto onde sei que dói mais, porque se me observasses bem, sabes que não sou de rodeios, mas de ação: milimétrica e muito bem pensada para não ter que agir de novo.
Enchuga as lágrimas dela. Ela cospe em seu rosto. Ele não consegue desviar. O ar está humido, apesar do chão aparentemente frio. O mundo gira para os dois, há um doce cheiro de vinho.
Pronto amor. Pode ir... Desculpe-me se te assustei amor, mas é assim que sou...
Por que te envenenas? Pergunta. Não vês que te matas aos poucos com esse ci´me doentio e esse amor desvairado? Se acabar o amor, meu caro, de nada adiantará a tua fúria ou os teus lamentos, porque assim é o amor: imprevisível. Não sabes que te amo? Pois aguças teus sentidos e pára de beber. Prestas mais atenção ao que faço e digo, e se ainda assim não encontrares, diz-me o que queres que eu faça que assim o farei. Juro.
Abraçam-se e choram.
Amam-se ali mesmo. Depois dormem.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Novas Tecnologias
Tarde de outubro.
Sábado, três horas da tarde e dezenove minutos (15h19 jornalisticamente?)...
Sentado em frente à máquina de escrever, o coração e o corpo suados. A inspiração me foge, e em meio ao barulho do ventilador, observo o celular, que reflete a luz do sol que me invade pela janela.
Pego o celular.
Observo o celular: primeiro ele fica aceso, depois apagado. Ao apagar, vejo algo familiar na tela do celular. Estou esperando sinal, estou esperando uma chamada. Estou esperando alguma coisa, estou esperando você.
À tua espera, que não finda, me vejo na tela de um celular. Que estranhas essas novas tecnologias: garantem que aproximam, mas, na verdade, escravizam.
À espera de tuavoz, num instante de calmaria, é possível ver meu rosto, meus lábios, meus olhos... Todos, pela tela do celular, que reflete tudo mais que for exposto na sua frente. Às avessas, mas reflete. Reflete tudo, menos minha loucura, menos minha solidão, menos minhas carências afetiva e deterioração emocional adquiridas depois de ter você.
Independente de ligado ou desligado, o celular, em sua bendita tela colorida, reflete meu olho.
Janela da alma?
Que bobagem!
O celular não reflete minha dor, e é a presença de tua voz que acalmará minha alma, não o celular. Não o celular? O que estou fazendo com o celular desligado? Tenho que ficar atento caso você venha a me ligar... Tenho que me controlar, não posso perder minhas esperanças, sei que, no mais tardar, logo logo você me ligará. Me ligará... Pensamento positivo... É...
Sábado, três horas da tarde e dezenove minutos (15h19 jornalisticamente?)...
Sentado em frente à máquina de escrever, o coração e o corpo suados. A inspiração me foge, e em meio ao barulho do ventilador, observo o celular, que reflete a luz do sol que me invade pela janela.
Pego o celular.
Observo o celular: primeiro ele fica aceso, depois apagado. Ao apagar, vejo algo familiar na tela do celular. Estou esperando sinal, estou esperando uma chamada. Estou esperando alguma coisa, estou esperando você.
À tua espera, que não finda, me vejo na tela de um celular. Que estranhas essas novas tecnologias: garantem que aproximam, mas, na verdade, escravizam.
À espera de tuavoz, num instante de calmaria, é possível ver meu rosto, meus lábios, meus olhos... Todos, pela tela do celular, que reflete tudo mais que for exposto na sua frente. Às avessas, mas reflete. Reflete tudo, menos minha loucura, menos minha solidão, menos minhas carências afetiva e deterioração emocional adquiridas depois de ter você.
Independente de ligado ou desligado, o celular, em sua bendita tela colorida, reflete meu olho.
Janela da alma?
Que bobagem!
O celular não reflete minha dor, e é a presença de tua voz que acalmará minha alma, não o celular. Não o celular? O que estou fazendo com o celular desligado? Tenho que ficar atento caso você venha a me ligar... Tenho que me controlar, não posso perder minhas esperanças, sei que, no mais tardar, logo logo você me ligará. Me ligará... Pensamento positivo... É...
Enlouquecendo - Capítulo I
O beijo.
O toque.
A paixão.
A pergunta:
Quantas horas do dia tu pensas em mim? Ouça: penso nos teus beijos, tuas curvas e teu gosto exótico de carne fresca. Penso no sabor salgado de teu suor, e nos pêlos, todos, espalhados por teu íntimo. penso no que me dizes, no que deixas de dizer, e, até, no que, quem sabe, gostarias de dizer. penso em você a cada milésimo de segundo que sobrevivo. Vou vegetando pela vida enquanto me contento com as migalhas de teu amor. Penso a cada segundo, sonhando ou acordado, no banho, no quarto, nos sonhos, em todo caso, enfim... dedico minha existência a essa louca paixão e você... e você?Há quantas horas do dia pensas em mim? Você, se quer, pensa em mim? Sim, porque juntos é tanto amor e tanto, e tanto amor, e tanto amor, que chegas a ficar enjodo. Mas, e quando estamos longe?
Que comentário idiota! Cala a boca e volta pro que tava fazendo.
E, novamente, o beijo...
O toque.
A paixão.
A pergunta:
Quantas horas do dia tu pensas em mim? Ouça: penso nos teus beijos, tuas curvas e teu gosto exótico de carne fresca. Penso no sabor salgado de teu suor, e nos pêlos, todos, espalhados por teu íntimo. penso no que me dizes, no que deixas de dizer, e, até, no que, quem sabe, gostarias de dizer. penso em você a cada milésimo de segundo que sobrevivo. Vou vegetando pela vida enquanto me contento com as migalhas de teu amor. Penso a cada segundo, sonhando ou acordado, no banho, no quarto, nos sonhos, em todo caso, enfim... dedico minha existência a essa louca paixão e você... e você?Há quantas horas do dia pensas em mim? Você, se quer, pensa em mim? Sim, porque juntos é tanto amor e tanto, e tanto amor, e tanto amor, que chegas a ficar enjodo. Mas, e quando estamos longe?
Que comentário idiota! Cala a boca e volta pro que tava fazendo.
E, novamente, o beijo...
Banco de praça - diálogo ao telefone.
Levanto-me.
O sol das dezesseis já não me cansa tanto, mas ainda estou cansado. Ponho a mão no bolso e retiro o papel com teu telfone. No outro bolso, procuro a última ficha que me restou da última vez que te liguei.
Concentro-me.
Vou ao aparelho de telefonia público, jogo a ficha como quem aposta no jogo que mudará sua vida. São quatro e pouco, se não veio, sei que estais em casa. O telefone chama depois que disco os benditos números, e a cada pulso, pulsa mais forte meu coração, pulsa mais pesado o meu sangue, pulsa mais demorado o meu destino. Você atende. Mas não fala nada se não um seco Alô. Penso rápido, não sei o que fazer, a ligação vai cair, despejo como um esgoto...
Esperei você por tanto tempo... quer dizer, faz tão pouco tempo, mas imagine os segundos longe da pessoa que se ama loucamente e descobrirás que o infinito é pouco pra distribuir os lamentos todos... Te esperei com tanta fé, juro, com esmero, com respeito, leal e pacientemente; mas o amor mata, meu bem... O amor nos mata, e antes que morresse novamente, porque me apaixono fácil e sempre sozinho, antes que morresse preferi sobreviver para, quem sabe amar novamente e daí ser amado...
Pausa. Quero chorar. Seguro-me... A ligação vai cair, preciso terminar.
É a esperança que me resta, amar. Como saber se não tentar? Juro, meu amor, juro pelo que há de mais sagrado, se chegasses a um segundo, talvez não fosse tarde, mas agora, agora que matei de afogo o amor, naquele copo de tinto que criou o traidor, aquele da tempestade amor, aquele...
Lágrimas? Prossigo...
É tarde, amor. É tarde! Se pudesse recuperar o amor, o amor...
Cai a ligação. Largo o telefone. Caminho... Aliviado? Só o tempo há de dizer. Dezesseis e quarenta. Já não me machuca mais. O Sol...
O sol das dezesseis já não me cansa tanto, mas ainda estou cansado. Ponho a mão no bolso e retiro o papel com teu telfone. No outro bolso, procuro a última ficha que me restou da última vez que te liguei.
Concentro-me.
Vou ao aparelho de telefonia público, jogo a ficha como quem aposta no jogo que mudará sua vida. São quatro e pouco, se não veio, sei que estais em casa. O telefone chama depois que disco os benditos números, e a cada pulso, pulsa mais forte meu coração, pulsa mais pesado o meu sangue, pulsa mais demorado o meu destino. Você atende. Mas não fala nada se não um seco Alô. Penso rápido, não sei o que fazer, a ligação vai cair, despejo como um esgoto...
Esperei você por tanto tempo... quer dizer, faz tão pouco tempo, mas imagine os segundos longe da pessoa que se ama loucamente e descobrirás que o infinito é pouco pra distribuir os lamentos todos... Te esperei com tanta fé, juro, com esmero, com respeito, leal e pacientemente; mas o amor mata, meu bem... O amor nos mata, e antes que morresse novamente, porque me apaixono fácil e sempre sozinho, antes que morresse preferi sobreviver para, quem sabe amar novamente e daí ser amado...
Pausa. Quero chorar. Seguro-me... A ligação vai cair, preciso terminar.
É a esperança que me resta, amar. Como saber se não tentar? Juro, meu amor, juro pelo que há de mais sagrado, se chegasses a um segundo, talvez não fosse tarde, mas agora, agora que matei de afogo o amor, naquele copo de tinto que criou o traidor, aquele da tempestade amor, aquele...
Lágrimas? Prossigo...
É tarde, amor. É tarde! Se pudesse recuperar o amor, o amor...
Cai a ligação. Largo o telefone. Caminho... Aliviado? Só o tempo há de dizer. Dezesseis e quarenta. Já não me machuca mais. O Sol...
O Celular...
Apego-me ao aparelho como quem necessita do oxigênio para existir.
À espera da hora para ouvir tua voz, vou sobrevivendo apenas, como um zumbi que existe sem razão para viver... Estou vivo, somente, mas sem nenhum ânimo para a vida que não seja o de esperar você ou agradar você ou ser você ou, quem sabe, comer você... Na esperança de um segundo de você, me apego ao celular antes que enlouqueça ou morra de sadades. E pra continuar vivo vou depositando no celular a esperança de ter você, de me aproximar de você, de...
Que estranha loucura essa que me toma: me tranco do mundo e me apego ao celular por tua causa. É isso o amor? Amor moderno? Cansado de amar assim...
À espera da hora para ouvir tua voz, vou sobrevivendo apenas, como um zumbi que existe sem razão para viver... Estou vivo, somente, mas sem nenhum ânimo para a vida que não seja o de esperar você ou agradar você ou ser você ou, quem sabe, comer você... Na esperança de um segundo de você, me apego ao celular antes que enlouqueça ou morra de sadades. E pra continuar vivo vou depositando no celular a esperança de ter você, de me aproximar de você, de...
Que estranha loucura essa que me toma: me tranco do mundo e me apego ao celular por tua causa. É isso o amor? Amor moderno? Cansado de amar assim...
Sem palavras...
Como explicar que mergulho fundo nas pessoas que me cercam e necessito delas até o último segundo para ser mais feliz e existir?
Encontro-me no fim do mergulho, já sem o ar e... Meu Deus, falta-me o ar... Eu lamento informar, mas é hora dos laços desfazer. Perdoem-me aqueles que voarem perdidos pela imensidão da vida - que pretensão minha achar que os outros, e não eu, serão prejudicados com o fim... - eu lamento, juro, lamento não ser do jeito que deveria ser, mas no ato de emergir no qual me encontro, juro, só preciso de um pouco do ar fresco que teu amor me toma.
Adeus! Já é tarde... Adeus.
Encontro-me no fim do mergulho, já sem o ar e... Meu Deus, falta-me o ar... Eu lamento informar, mas é hora dos laços desfazer. Perdoem-me aqueles que voarem perdidos pela imensidão da vida - que pretensão minha achar que os outros, e não eu, serão prejudicados com o fim... - eu lamento, juro, lamento não ser do jeito que deveria ser, mas no ato de emergir no qual me encontro, juro, só preciso de um pouco do ar fresco que teu amor me toma.
Adeus! Já é tarde... Adeus.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Ciúme
Na praia, observa o horizonte do meio dia ao verão dos trópicos enquanto digere mais uma gota do cigarro... não é de seu feitio consumir tabaco, mas o nervosismo o levara ao ato. Calmamente, uma gota e outra: o suor que brinca com os pêlos de seu peito, a lágrima que percorre seu lindo rosto de garoto. O rosto, calmamente... Derrepente, vê-se acompanhado, mas não reclama. Apenas contempla o horizonte e a outra baforada de substâncias. Calmamete? Talvez não mais calmamente...
Desculpe-me, diz-lhe a voz meio envergnhada, talvez um pouco sedenta de desejo.
Não devo desculpas a você, responde firme, um pouco magoado, mas honesto, verdadeiro.
Não sei o que deu nela, ela sempre faz isso, mas nunca agiu assim, continua. Olham-se e não etendem o que acabou de ser dito. Esses malditos óculos escuros, pensa...
Digo... ela é ciumenta, mas não a esse ponto, entende?, tenta, sem grande sucesso. Que vergonha, que vergonha, repete, enquanto leva as mãos ao rosto. Ele permanece parado, focado, sufocado?
O sol do meio dia transforma o horizonte, traspondo um movimento sensual a tudo que se encontra a sua frente, quase como numa dança de belos quadris. Um manjar dos deuses. Ou seria aos deuses? O suor continua a escorrer por seu tronco nu, e a gota de lágrima ainda brinca com sua pele branca, escondida do sol pelos benditos óculos escuros.
O outro levanta-se, chorando, e vai embora, enquanto ele permanece solitário. Firme, mas magoado. É o fim. É o fim?, perguntam-se, sem saber. Como saber?
Desculpe-me, diz-lhe a voz meio envergnhada, talvez um pouco sedenta de desejo.
Não devo desculpas a você, responde firme, um pouco magoado, mas honesto, verdadeiro.
Não sei o que deu nela, ela sempre faz isso, mas nunca agiu assim, continua. Olham-se e não etendem o que acabou de ser dito. Esses malditos óculos escuros, pensa...
Digo... ela é ciumenta, mas não a esse ponto, entende?, tenta, sem grande sucesso. Que vergonha, que vergonha, repete, enquanto leva as mãos ao rosto. Ele permanece parado, focado, sufocado?
O sol do meio dia transforma o horizonte, traspondo um movimento sensual a tudo que se encontra a sua frente, quase como numa dança de belos quadris. Um manjar dos deuses. Ou seria aos deuses? O suor continua a escorrer por seu tronco nu, e a gota de lágrima ainda brinca com sua pele branca, escondida do sol pelos benditos óculos escuros.
O outro levanta-se, chorando, e vai embora, enquanto ele permanece solitário. Firme, mas magoado. É o fim. É o fim?, perguntam-se, sem saber. Como saber?
Canção do vento e da minha vida (que inveja de Bandeira)
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
O vento varria os sonhos
E varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
O vento varria os sonhos
E varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
Saudade - o isolamento em busca de Inspiração
Derrubo os papéis sobre a mesa e esvazio as prateleiras do armário da sala. A poeira entra em minhas vias respiratórias e me vejo espirrando e respirando mal.
Controlo-me!
Bebo mais um gole de vinho tinto. Meu sangue finito... tudo parece mais azulado naquela tarde de estranho frio nobre, como o sangue de um Lord. Tudo mais azulado, inclusive os papéis, as paredes e os livros...
Bebo pra esquecer, penso, enquanto me concentro pra atividade que fazera.
Derrepende ouço um barulho estranho, vindo de não sei de onde, feito de não sei o quê no meio daquele universo rustico de madeira, cimento, natureza e tempo. Que barulho estranho, é o celular, no silencioso, que vibra incessantemente, talvez em busca de consolo, talvez em busca de desterro...
Onde está esse bendito, pergunto, derrubando os papéis no chão frio de cimento e terra. Por que não desliguei o aparelho, digo, enquanto me dou conta da bagunça em que me encontro em menos de segundos... quantos segundos?
Limpo a mesa com um único movimento. O vinho tinto escorre na parede e as sobras de cigarro espalham-se pelo ar úmido. Chamo algum palavrão escabroso e, no meio de tudo, vejo o celular espatifar-se ao chão: bateria para um lado, aparelho para o outro, como numa dança onde as partes separam-se para nunca mais se sencontrar.
Controlo-me. O vinho tinto já corre em meu sangue frio, penso.
Uno as partes separadas, como a fada madrinha que abençoa o amor puro dos recém separados... paro. Estou bêbado... Uno as partes separadas com a sede de quem necessita da resposta ao enigma. Ligo o aparelho, rodo atrás de opções confusas e paro nas ligações não atendidas... vejo um número separado pelo último gole de vinho: é seu nome que o aparelho mostra. Seu nome... teu nome. Sento no chão, e novamente espatifo o aparelho contra a parede. Procuro o que resta do vinho e concluo que o que resta de mim escorre pelo chão, como o líquido tinto de 1915.
Choro...
Controlo-me!
Bebo mais um gole de vinho tinto. Meu sangue finito... tudo parece mais azulado naquela tarde de estranho frio nobre, como o sangue de um Lord. Tudo mais azulado, inclusive os papéis, as paredes e os livros...
Bebo pra esquecer, penso, enquanto me concentro pra atividade que fazera.
Derrepende ouço um barulho estranho, vindo de não sei de onde, feito de não sei o quê no meio daquele universo rustico de madeira, cimento, natureza e tempo. Que barulho estranho, é o celular, no silencioso, que vibra incessantemente, talvez em busca de consolo, talvez em busca de desterro...
Onde está esse bendito, pergunto, derrubando os papéis no chão frio de cimento e terra. Por que não desliguei o aparelho, digo, enquanto me dou conta da bagunça em que me encontro em menos de segundos... quantos segundos?
Limpo a mesa com um único movimento. O vinho tinto escorre na parede e as sobras de cigarro espalham-se pelo ar úmido. Chamo algum palavrão escabroso e, no meio de tudo, vejo o celular espatifar-se ao chão: bateria para um lado, aparelho para o outro, como numa dança onde as partes separam-se para nunca mais se sencontrar.
Controlo-me. O vinho tinto já corre em meu sangue frio, penso.
Uno as partes separadas, como a fada madrinha que abençoa o amor puro dos recém separados... paro. Estou bêbado... Uno as partes separadas com a sede de quem necessita da resposta ao enigma. Ligo o aparelho, rodo atrás de opções confusas e paro nas ligações não atendidas... vejo um número separado pelo último gole de vinho: é seu nome que o aparelho mostra. Seu nome... teu nome. Sento no chão, e novamente espatifo o aparelho contra a parede. Procuro o que resta do vinho e concluo que o que resta de mim escorre pelo chão, como o líquido tinto de 1915.
Choro...
Gafanhoto
Vou brincando de amar enquanto houver graça, e vou brincando de sofrer e machucar e enganar e mentir pra mim mesmo enquanto for interessante, porque no dia em que me abusar, simplesmente parto pra outra forma de sentir que não seja a de hoje: que seja a do passado ou a do futuro.
De que importa a forma de sentir?
Vou me enganando de brincar de amar enquanto for gostoso, e pronto: o corpo é meu, eu faço dele o que quiser eu...
De que importa a forma de sentir?
Vou me enganando de brincar de amar enquanto for gostoso, e pronto: o corpo é meu, eu faço dele o que quiser eu...
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Desabafo – as lamúrias de um pobre coração confuso
Minha goela está pesada, congestionada; há um nó interrompendo tudo.
Meus olhos, pesados, lacrimejam; sofrem; ardem; e só querem chorar.
Mas não posso chorar, não há motivo pra chorar, chorar por que se não há motivo...
Desculpem, preciso chorar...
Meus olhos, pesados, lacrimejam; sofrem; ardem; e só querem chorar.
Mas não posso chorar, não há motivo pra chorar, chorar por que se não há motivo...
Desculpem, preciso chorar...
Cinco segundos
Te amo-te tanto que não respiro de tantos suspiros... que romântico esse estado de espírito! Me embebedo com suas lamúrias e histórias: absurdas, mas suas, todas sua, como minha pobre alma nua e crua, igualmente ou mais que sua – tua.
Confuso
Uma dor destroça meu pobre coração: será infarto? Ou será o fado? É fado, de fato!
Às horas que me liberto de você, estou em paz, não há pingos de dor, como é boa a calmaria que é a falta desse amor. Amor?
Mas ao teu lado, é fato, me acabo de amor e de dor e de “sofrôr”. Pra quê sofrer? Teria eu que merecer tamanho “sofrôr”? Meu coração palpita descompassado, acelerado por essa maldita emoção que muitos chamam de amor. É amor?
Cospe, disse, dia desses, mas cospe de longe, e corre, pra mais longe, porque não demora e esse confuso vulcão entra em erupção e aí, aí nada será como antes, nada!
Eu com a minha dor... também dói em você? Cospe, mas cospe com amor...
Às horas que me liberto de você, estou em paz, não há pingos de dor, como é boa a calmaria que é a falta desse amor. Amor?
Mas ao teu lado, é fato, me acabo de amor e de dor e de “sofrôr”. Pra quê sofrer? Teria eu que merecer tamanho “sofrôr”? Meu coração palpita descompassado, acelerado por essa maldita emoção que muitos chamam de amor. É amor?
Cospe, disse, dia desses, mas cospe de longe, e corre, pra mais longe, porque não demora e esse confuso vulcão entra em erupção e aí, aí nada será como antes, nada!
Eu com a minha dor... também dói em você? Cospe, mas cospe com amor...
Rebelde (antes “Gramática”)
Faltam-me palavras, pois só de dúvidas morre afogada minha pobre alma desprovida de alto-estima...
Machuca esse homem que te venera; e cospe, mas cospe de longe, nesse ser que se engana e se reinventa e não desiste, apesar das circunstâncias, apesar de você, apesar de tudo e do mundo... cospe e depois beija, mas não esquece, pois hoje é você, mas amanhã posso ser eu o agente ativo da oração passiva.
Machuca esse homem que te venera; e cospe, mas cospe de longe, nesse ser que se engana e se reinventa e não desiste, apesar das circunstâncias, apesar de você, apesar de tudo e do mundo... cospe e depois beija, mas não esquece, pois hoje é você, mas amanhã posso ser eu o agente ativo da oração passiva.
Fugitivo
Caminho depressa.
Mais depressa.
Mais depressa...
Os carros me seguem e procuro não olhar pros lados, nem pra trás, nem pra frente... Meu Deus, pra onde? Apenas vejo baixo, porque se te encaro, morro. E se morro não vivo! Se bem que não vivo desde que te conheço...
Apareces em meus sonhos, pensamentos, pesadelos e devaneios. Surges em tudo, estás até nas prateleiras das compras, nas janelas tristonhas, nos rostos cansados e nas mais diferentes pessoas enfim...
Fujo de você mas, de que me importa, se não escapo dessa febre que me consome graças ao maldito amor que hoje me toma? Fujo do que sinto e caminho rumo ao quê se o que sinto impregnou em minhas veias e me anima a vida pra seguir em frente e ser feliz?
Sou fugitivo de seu amor, e apesar da fuga, desejo irresistivelmente ter você comigo e prender você a mim pra ser feliz.
Amo e não nego.
Fujo e resisto enquanto amas em segredo. Sobrevivo, fugitivo, mas até quando?
Mais depressa.
Mais depressa...
Os carros me seguem e procuro não olhar pros lados, nem pra trás, nem pra frente... Meu Deus, pra onde? Apenas vejo baixo, porque se te encaro, morro. E se morro não vivo! Se bem que não vivo desde que te conheço...
Apareces em meus sonhos, pensamentos, pesadelos e devaneios. Surges em tudo, estás até nas prateleiras das compras, nas janelas tristonhas, nos rostos cansados e nas mais diferentes pessoas enfim...
Fujo de você mas, de que me importa, se não escapo dessa febre que me consome graças ao maldito amor que hoje me toma? Fujo do que sinto e caminho rumo ao quê se o que sinto impregnou em minhas veias e me anima a vida pra seguir em frente e ser feliz?
Sou fugitivo de seu amor, e apesar da fuga, desejo irresistivelmente ter você comigo e prender você a mim pra ser feliz.
Amo e não nego.
Fujo e resisto enquanto amas em segredo. Sobrevivo, fugitivo, mas até quando?
Sufocado
Me esbaldo nos seus braços: quem manda me encher de abraços? Sou forte para o mundo e dentro do mundo, mas fora dele, enfiado em teus braços, sou só um menininho precisando de carinho.
Adoro teu braço firme de mulher que luta pra sobreviver e reina sob todas sobrevivências porque acha sentido em cada segundo perdido, em cada momento superado.
Sou menino, Seu menino, só seu menino, que adora e sobrevive de teu carinho...
Que seja duradouro enquanto houver química, e que a química seja eterna, pra sempre... em seus braços, o meu mundo!
Adoro teu braço firme de mulher que luta pra sobreviver e reina sob todas sobrevivências porque acha sentido em cada segundo perdido, em cada momento superado.
Sou menino, Seu menino, só seu menino, que adora e sobrevive de teu carinho...
Que seja duradouro enquanto houver química, e que a química seja eterna, pra sempre... em seus braços, o meu mundo!
Olfato
Adoro teu cheiro, sob todos os sentidos da palavra cheiro.
Assim que sinto teu cheiro, me alucino, sereno, nesse aroma vadio.
Seu beijo: ah como é bom teu cheiro...
Deslizas por meu corpo com teu cheiro que procura, no meu cheiro, o alento pro teu desejo.
E o que me resta? Toma, toma-me inteiro!
Cheiras meu corpo em busca de meu cheiro, enquanto enlouqueço de desejo com a reles presença de teu cheiro. Teu cheiro. Ah, esse cheiro... Esse cheiro me renova sempre que voltas; e a prova, é a saborosa loucura que invade meu peito e afoga minha alma de desejo: de jeito, desse jeito...
Nosso segredo que só no olhar se pode revelar: mas é tão segredo que só no cheiro para entregar... mas, também, ninguém conhece nosso cheiro. Esse cheiro é mais um segredo! Exalo nosso cheiro quando estamos presos, e só nós percebemos esse cheiro, porque ele é derradeiro e verdadeiro, segredo.
Assim que sinto teu cheiro, me alucino, sereno, nesse aroma vadio.
Seu beijo: ah como é bom teu cheiro...
Deslizas por meu corpo com teu cheiro que procura, no meu cheiro, o alento pro teu desejo.
E o que me resta? Toma, toma-me inteiro!
Cheiras meu corpo em busca de meu cheiro, enquanto enlouqueço de desejo com a reles presença de teu cheiro. Teu cheiro. Ah, esse cheiro... Esse cheiro me renova sempre que voltas; e a prova, é a saborosa loucura que invade meu peito e afoga minha alma de desejo: de jeito, desse jeito...
Nosso segredo que só no olhar se pode revelar: mas é tão segredo que só no cheiro para entregar... mas, também, ninguém conhece nosso cheiro. Esse cheiro é mais um segredo! Exalo nosso cheiro quando estamos presos, e só nós percebemos esse cheiro, porque ele é derradeiro e verdadeiro, segredo.
Novo Amor – Homenagem a J. e J.
À espera dela, esqueço do mundo apesar dele lembrar-me que estou nele a toda hora... penso nela mas, em que importa, se ela não vem e as horas, ao passar dos segundos, são intermináveis e sofríveis?
Kiss-me Baby
Kiss-me
Pena que você não me quis.
Kiss-me Baby
Kiss-me
Pena que você não me quis.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Aquela nuvem que passa...
...e, derrepente, vejo-me salvo daquela nuvem negra e fria. Saio do escuro para respirar, de novo, o mundo e tudo que há de bonito. Se me pergunto “Pra que viver uma vida sem sentido”, respondo que em tudo há algum sentido, basta trocar o foco e procurar sentir todos os sentidos.
Nasci novamente? Não! Talvez seja só mais um alto dos altos e baixos de minha vida. Mas hoje estou alto, bem alto. E sem nuvens escuras e tristes como seus olhos, negros...
Nasci novamente? Não! Talvez seja só mais um alto dos altos e baixos de minha vida. Mas hoje estou alto, bem alto. E sem nuvens escuras e tristes como seus olhos, negros...
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