sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Em busca de comunicação
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Condor
Não importa!
A hora é agora e eu só tenho esse momento para fazer bem feito, esse momento. Esse!...
Respira fundo, fecha o livro e pega a bolsa. Sai e bate a porta. Vai com pressa.
Espelho
Imaginação...
Dela eu fujo como o louco, porque nela eu me liberto das correntes e construo um mundo todo meu, com meu jeito, com meus desejos, meu mundo: extremamente egocêntrico, desrespeitoso e egoísta.
Mas esse mundo, fantástico, esse mundo é um mundo que não resiste à realidade, e por isso eu fujo, porque de imaterial já me bastam as promessas. Fujo desesperado, incomodado, atormentado com tamanha beleza e entristecido, porque seria tão lindo, e ali o vôo tão alto. Mas não é de verdade, porque o que é meu de verdade tem de ser de carne e osso, tem de ser matéria, cheiro de café, lágrima e toque, ainda que de dor, mas lágrima. E salgada, por favor...
O que é meu deve ser real e tocável...
O que é meu tem um pouco de mim com o toque do mundo, e o que estiver apenas dentro de minhas idéia, não me serve por completo...
Abaixo o viver sem sentidos... Quero cheiro, toque, língua e delírios. Quero visões, quero verdade, quero tudo que tenho direito.
Descoberta
Ele mastiga o pedaço de pão velho achado em cima da mesa como quem come um doce. E caminha depressa, está atrasado, está cansado da noite mal dormida, está com muitas olheiras. Também está pensativo, está ansioso, está assustado.
_Decepcionado?!, pergunta-se
Na noite anterior, a conversa com os amigos e a descoberta de que sua casa não é a única a desconfiar do menino...
_Ora! Todos me acham uma mentira?, questiona-se, agora realmente irritado.
Qual a coisa certa a fazer, há o trabalho me esperando, mas ainda tem a declaração è mulher que amo, a conversa com os amigos, a avaliação com os pais...
_O que é que vê primeiro? Por que tantas pessoas não confiam em mim?
Na encruzilhada, pronto para atravessar a rua, ele mira o farol e dá seus passos simples, rápidos, seguros...
_Eu tenho tempo.
E tenho um tempo.
Que não me venham as más companhias convencer-me do contrário porque simplesmente meu tempo grita, meu tempo berra, meu tempo suplica: tempo!
Relato de domingo
A inspiração que me falta e a repetição de versos tortos do passado para representar esse presente que não passa de passado, até agora.
Eu ligo o som, eu folheio a revista. Devoro o jornal e outra lata de brigadeiro. Eu vou ao banheiro e tomo banho. Bato uma, quebro o espelho, os frascos de perfume.
Eu assisto a TV desligada que assiste o desatino que encontra-se todo o meu viver tão medíocre de vivência: simplesmente sobreviver e à noite contar mais um dia de vida repleto do que mesmo? De nada? De peidos, cagadas, perfumes e solidão?
De sobrevivência e promessas, mas nada de realmente interessante e digno de prazer... Nada de impulso ao coração, nada de vida para a matéria.
Eu tomo o celular mas dessa vez não para ligar para ninguém, esse vício, ao menos, encontra-se controlado e destinados aos momentos de desespero extremo, obsessivo, limite da loucura beirando a sanidade...
Versos toros que não terão conclusão porque a inspiração me falta em meio a tamanho desespero: de esperança que o verbo viver vai bater à minha porta logo mais e tudo será diferente.
No quarto escuro
Mas não é dos barulhos nem dos segundos, apenas, que gostaria de expressar filosofia, mas da solidão dessas vinte e poucas horas que se arrastam trancadas nessa casa estranha, acompanhados dela e da TV; maçantes, constrangedoras, desesperadamente decepcionantes perante a luz da vida.
E a impotência de perder preciosos momentos da vida pela promessa de futuro quando acumulamos ao longo dos anos, acumulamos... acumulamos o quê mesmo?
Perco tempo vivendo de fugas e mentiras, além das promessas e esperanças, e para quê se tudo isso em nada conta como prazer em viver?!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Amor não correspondido
...Esse é só mais um texto em sua homenagem. Às vezes peço que seja o último mas, no fundo, gosto que seja outro, de muitos outros...
Mas hoje acho que é único, porque veio do momento, sabe, depois de pensar em futuro e passado, depois de pensar em nós, depois de me embebedar de promessas, banhando-me de solidão... Meu bem, o que deixei de fazer e o que ainda me resta para não te perder de vez? E aquele encontro nas férias que tínhamos sugerido marcar no último dia?
Ai de mim que sou romântico, porque me apego às promessas como ao oxigênio com relação às plantas, entendeu, plantas, oxigênio, fotossíntese... Acho que já disse isso, droga! E essa carta é para poesia, não para desabafo... Para confissões e bobagens minhas...
Pensa. Em busca da inspiração, do verso perfeito...
O que é o tempo e qual o sentido da vida quando não estamos juntos? O que oferecer em troca do amor que nos dão sem que peçamos amor?! Porque eles simplesmente surgem e aí o que se há de fazer, não é mesmo...
Amada amada, honestamente não sei o que dizer... sei que não amo porque meu coração encontra-se tão longe... Quilômetros de distância... Mas estar ao seu lado é tão bom que acho que estou prestes a descobrir um novo amor, novo mas normal, como sempre...
Infelizmente, faltou a inspiração ideal para esses versos mas sobrou a honestidade perfeita para expressar aquilo que sinto. Sem rodeios: ama-me.
A puta
Disca oito benditos números.
A ligação não completa, ela está ocupada...
Derrepente o telefone toca: é a cachorra.
Pega nervoso o celular que parece fugir daquelas mãos trêmulas.
Agarra com força.
Aperta o botão e atende.
Não espera:
Hoje apaguei seu número do celular para tentar arrancar desse coração mutante a metamorfose que se transformou nossa convivência: amor para mim, qualquer coisa para você...
Silêncio
_Apaguei as mensagens sujas também, e quase quebrei o aparelho... posso transformar o mundo, mas... onde fica a saída?
Ela desliga.
_Cachorra... E chora.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Confissões de um vilão arrependido
Perdoem os achismos, as fraquezas e a franqueza;
Perdoem também a vergonha, de mim e dos outros.
E também as incertezas dessa personalidade em construção, além das tentativas frustradas de ser legal, gentil e compreensivo...
A todas as tentativas frustradas de qualquer coisa em que eu os tenha envolvido; ao meu fado complicado na vida de cada um; aos lamentos e afins; a todas as besteiras que já fiz meu pedido de desculpas.
Longe de uma carta de despedida, esse desabafo é antes uma tentativa singela mas verdadeira de justificar minha frieza para com o mundo, minha estranheza, minha alma mutante: admito que não suporto ser assim, mas como já disse uma vez, há uma corrente, sempre uma corrente, me puxando pra trás, pra longe, pro fundo.
Perdoem esse nobre vagabundo e toda sua incoerência, perdoem meus medos, perdoem minha ‘ordem’ e sobretudo as minhas fraquezas...
Se pudesse fazer um pedido seria o único: por favor me entendam. Vocês não sabem como é difícil engolir a seco a estranheza desse lugar qualquer sem experimentar o sabor doce do preconceito, do lamento, do “vitimez”... Tudo ajuda para que eu pare e lamente...
Pobre vítima de si mesmo, Leonardo Lemos...
Mas estou tentando mudar. E juro: O que mais tento entender no outro é aquilo que menos entendem em mim... Me pergunto: como pode?