quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Pai, filho e espírito santo
Ou na morte
De quantas coisas deixará de fazer, ou de como tudo será diferente daqui pra frente, de lá para frente [lá depois da cirurgia]... como a esperança e o medo podem ser sentimentos tão parecidos, como nos conhecemos mais momentos que precedem o momento derradeiro, o silêncio.
Na verdade, não era numa mesa de cirurgia em que me encontrava, era só mais uma viagem para casa, que teria tudo para ser agradável e doce não fosse em nome do pai; e confusa e definitiva e ameaçadora e esperançosa tão e quanto só por causa dele, o dono da porra que, em minha mãe, dentro de minha mãe, ofereceu ao mundo essa aberração, tão querido e, ainda assim, mal resolvido, medroso, mutante vilaozinho assassino de sonhos louco sozinho.
Talvez
Talvez fossem as horas mal durmidas, talvez a saudade do novo amigo, a paixão mal resolvida por motivos óbvios - o seu medo de amar... e em meio a tudo isso, onde se encontrava agora? A segundos de uma delicada cirurgia que, se bem sucedida, acabaria com aquela coisa ruim na barriga, aquele medo de dizer "te amo" e, quem sabe, resolveria tudo, tudo que realmente é importante, porque com o refúgio seguro, a vida era só um agradável laboratório que voltaria a ser feliz, experimentativo e agradável finalmente.
Em nome do pai, como nunca, mesmo com as iminências de um fim, porque nele, o filho, surgiriam flores depois de um pasto tantas vezes devastado pelo pai, filhos e espírito santo - a mãe, que pela primeira vez , concluiria mais tarde, não era tão santa mas, como ele, e aí a explicação mais lógica para esta tempestade em copo d'água, suas falhas e defeitos, era volúvel, sofredora e ainda assim crente em um futuro qualquer, futuro melhor. E diferente dele, ela se anulava para ser feliz, ele não...
Agosto de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
Despertar...
Sou Nada e você Sonho
Seu manto negro coberto de chamas me prende
Sua boca cheia de responsabilidades me cala
Seus olhos de estrelas profundas me sufocam
Seu orgulho me desnorteia
Uma simples mortal não deveria amar um perpétuo
Não posso lutar contra isso
Mas não posso ver o futuro do meu povo destruído pelo meu amor
E o meu amor é armadilha de Desejo
E o meu desejo por você é Destruição
Não quis deixar seu mundo em tempestade
Visitei-o tantas vezes fugindo do despertar
Mas você me condenou ao inferno de não mais te ter
Já não sinto mais fome, nem sede
Sinto apenas o Desespero de te ter ao menos uma última vez
Que você me Deleite em Delirio
E por apenas mais uma vez me leve ao Sonhar
E que quando meu Destino for apenas a Morte
Eu possa contar a sua irmã sobre o dia em que você me fez renascer.
[retirado de "http://ladyselenia.blogspot.com/" - e fantástico. Hj fui eu quem se encontrou com vc... em seu texto. OBG!]
terça-feira, 22 de setembro de 2009
ESPERA - tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, tic...
E enquanto espero, eu perco tempo?
..tac, tic tac, tic tac, tic tac...
Não importa. Eu espero.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Amor
E amor porque há um coração que espera, desesperadamente, pelo momento em que, em meus braços, suas dores serão lembranças de fora, longínquas; e você será eu, e vice-versa, e seremos felizes, enfim, porque o amor não é pecado.
Viver não é pecado.
Quando estiver tudo pronto, segure a minha mão.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
PARA UMA MENINA COM UMA FLOR (no lugar de Jardim)
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras. E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas.
E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando. E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha - a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor. "
Vinicius de Morais
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
suspiro
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
A hora do fim
"Talvez depois você queira falar, mas aí pode ser que eu já não esteja, porque é sempre assim: a gente só enxerga a importância quando perde".
Meus olhos cegaram.
VÃO
Há um vão entre mim e tudo que quero de amar.
Suas palavras fazem o traço para o passar.
Meus medos vão e tocam o outro lado.
Terra sua.
Você é de um pedaço aqui, dentro de mim.
Sou seu deitado em ti.
Homem agora enfim em si.
Sua causa, eu vou.
[[Retirado de http://iilogicowall.blogspot.com/
Marcos Bernarde]]
terça-feira, 1 de setembro de 2009
A Última Ceia
Mais algumas horas e estariam, novamente, separados, por entre caminhos opostos ao caminho que pedia o coração, mas com tudo em seu lugar, tudo que era realmente importante, o resto seria mais fácil, agradável quem sabe...
Chovia.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Folhetim romântico
Só não imaginou que a encontraria tão cedo.
Cruzou a portaria, atrasado, e subiu as escadas. Ela descia graciosamente. Esbarraram-se, ele realmente tinha pressa.
Desculpe-me.
Relaxa, não tem aula. Vamo tomar uma?
[pausa]
A primeira vez que recebera esse convite foi há pouco mais de ano e meio, via sms; chovia, por isso não foram. Ou foi a decupagem, e aí não foram.
Vamos?!
Hum?! Interrompeu ela.
[pausa na pausa]
Pessoas queriam subir, outras queria descer, ela também.
Desceram.
Ele poderia sentir o rosto vermelho se assim o visse de longe, ou não, enfim, os pensamentos tortos, nervosos... Ela fez que não viu, e estava linda, como sempre, mas sem o cansaço nos olhos de antigamente.
Ela falava de como as coisas pareciam um filme, depois perguntou pelo apartamento. Lembrou do antigo amigo que voltara, para ele muito mais um inimigo. Ela parecia querer falar de outra coisa, ele estava confuso.
Então puxou-a pelo braço, lembou que o vilão voltara mas eles ainda podiam ser os mocinhos.
Beijou-a.
[pausa para os sinos]
Chovia... e parecia não ter fim.
sábado, 22 de agosto de 2009
Vai e vem
Em síntese: adorei ver você.
Dentro e fora
Um beijo que eu desejei a pouco mas, em menos ainda, estava em minha saliva e em mim em si, carne a dentro, mas também dentro de mim, porque com as almas é assim. E, por mais que em minha cama, deixo-o [coração] por não sei o que: saciei o desejo, mas você assegura à minha razão?
Às 17h e poucos desta doce segunda, seu eterno amigo...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Chapéu vermelho
Alguns rabiscos.
Na verdade, gostaria de tê-lo escrito em meus
melhores contos, mas como não conto, me restam sonhos e rimas
pobres, além de migalhas de humano e quem menos me queira. E não
pense que é fácil me entregar apenas àqueles que estão na merda,
porque não o são, e não é, enfim.
Ao passo que aquele solto coração segurava ao meu, e me contava seus medos, e se apaixonava sem querer, e me apaixonava sem menos ainda querer, o medo de perder, a loucura, alguma coisa que por hora não se explica me fez querer, e como o vilão que sou, mutante sozinho de poderes de lobo em pele de já sabes quem, enconstei aquela cabeça de vento em meu aconchego e senti sua respiração vadia, que senti meu arrepio, que sentiu sua repulsa e o meu desejo, num beijo, antes mesmo de qualquer outro movimento, deu o complemento em fim... Um beijo que eu desejei a pouco mas, em menos ainda, estava em minha saliva e mim em si, corpo a dentro, mas também em dentro de mim, porque com as almas as coisas impossíveis são simples assim.
E por mais que em minha cama, deixo por não sei o quê: já saciei o desejo, mas você assegura ao peito e à minha razão?
Às 17 e poucos minutos desta doce segunda, seu eterno amigo.