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segunda-feira, 14 de março de 2011

Os comunicadores e o desserviço ao Jornalismo

Na manhã desta segunda-feira, 14, a timeline de meu twitter repercutia a reportagem do Fantástico sobre prostituição infantil no Nordeste, sendo que a equipe usou o carnaval do Recife para gravar alguns dos flagrantes. Um tema tão polêmico que é natural o debate no twitter, mas para minha perplexidade, li comentários de colegas de jornalismo do tipo "Na próxima semana Fantástico mostra que adolescentes bebem cerveja no carnaval" ou "Depois de descobrir prostituição em B Viagem e Ponta Negra, o Fantástico encontra banheiros químicos no carnaval de Olinda". Nada contra fazer piada de uma situação que foi apresentada como nova mas é comum a quem mora aqui, na verdade quando a mídia vem denunciar uma situação geralmente ela já é comum ao cidadão. A minha perplexidade vem do fato dos ditos comunicadores - formadores de opinião?! - tratarem temas dessa importância - o abuso sexual de menores e a prostituição em geral - como algo que não precisa de tanto alarde assim ou "para quê tanta importância para isso que é tão comum aqui?!". Eu não tenho a menor dúvida de que esses temas podem ser comum a nós que saimos à noite pelo Recife, seja em um ônibus lotado ou em nossos carros com ar condicionado, mas daí a tratar o momento em que a prostituição e o abuso sexual de menores são colocados na mídia como algo comum, quando se deveria cobrar do Estado e Municípios, além do Ministério Público, resposta definitiva a esse mal da sociedade, esses colegas comunicadores fazem um desserviço ao jornalismo, à comunicação e à transformação da sociedade.
É direito fazer piada, é direito não se indignar com esses temas, talvez seja mais fácil não dá-los importância quando se está em seu quarto com ar condicionado ou em sua classe média confortável. É direito até justificar que a prostituição é profissão no Brasil, logo não há problema em tanto, quando, na verdade, é irresponsável fechar os olhos porque a mídia, porque o jornalismo no Brasil não é o idel, poquer A TV Globo, que mostrou a matéria, é a incoerência que é...
É de indignar não as piadas mas a maneira como esses comunicadores deixam de promover o debate e a cobrança a quem deve - o Estado e os Poderes - , e pior ainda é ver certos falsos moralistas virem falar, mais tarde ou nas salas das faculdades, de Direitos Humanos e Comunicação de Verdade. Fazendo piadinhas porque a Globo mostrou a prostituição que esses comunicadores já conhecem, esses comunicadorezinhos pisam mais nos Direitos Humanos que a própria TV Globo; esses comunicadorezinhos perpetuam mais ainda as injustiças sociais e, com piadinhas, esses comunicadorezinhos condenam as novas gerações a continuar se prostituindo; condenam os negros a serem sempre empregados em telenovelas; condenam o Brasil a ser esse eterno terreiro da corrupção; condena tudo a continuar como está desde que eles - os comunicadorezinhos, estejam em suas salas com ar condicionado, sem maiores problemas que jogar teorias ao ar.

Veja a reportagem aqui.

3 comentários:

  1. É realmente algo pra se indignar!! Talvez, seja de direito sim fazer piada, mas poxa, que mal gosto!! Nao temos acesso a todos os nossos direitos, pra que usar esse "direito" (?) com uma atitude horrivel dessas?! Conseguir, fazer piadinhas, em quanto crianças de 8/11 anos sao mulheres em troca as vezes de um pedaço e pão... E nem vem me dizer que isso foi uma forma de protesto. Ter que se conforamr é pior ainda, pois dá raiva saber que no Brasil se formam "comunicadorezinhos" masi e mais!!

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  2. Não assisti a reportagem, como não assisto ao programa intitulado "Fantástico", mas ouvi discussões a respeito da tal matéria. É sabido que a prostituição infantil é agravante não só no nordeste do Brasil e nem tampouco somente na época do Carnaval. A redação do dito programa "jornalístico" deveria também enfocar a prostituição diária em todas as regiões brasileiras, a de certos bailes funks e outros e principalmente a prostituição que invade os lares brasileiros através das telenovelas (principalmente da Rede Globo) e outras tantas. Cabe ao poder público combatê-la, juntamente com a sociedade e mídias preocupadas com o bem estar de nossas crianças e jovens.

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  3. Belo texto!

    E agradeço por você ter usado uma parte do meu poema Mude (Só o que está morto não muda), embora tenha dito que é de Clarice.

    Mude,
    Mas comece devagar,
    Porque a direção é mais importante que a velocidade.

    Veja o poema na íntegra em www.Mude.blogspot.com

    Abraços!

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