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sábado, 20 de março de 2010

Modalidades de saudade

Esperei pacientemente suas ligações nessas horas de sexta que não vieram; também esperei um gesto qualquer, autorização tua para meu, mas você não veio, se quer mandou qualquer sinal, acho que mal nos pensamos, embreagados de trabalho, família, compromissos outros que não nós. É certo que meus olhos continuam a fugir dos seus, mas meu braço deseja o seu, minhas pernas as suas, minha boca você e tudo mais que é meu deseja o seu, sem delongas. E é mais um fim de semana de saudade, depois de mais uma semana de trabalho desgraçado e aulas enfadonhas, seguidas de noites quentes de calor mas frias de amor e solitárias, como tudo mais que tem sido essas coisas... essa casa, essa cama... Esses dias banhados de minha confusão esperançosa e desejosa, e saudade, acima de tudo...
Mas não é verdade, mesmo que pareça frio, é, antes de tudo, tudo mentira minha para ver se sobrevivo a essa saudade toda; o que eu queria mesmo era acordar esperançoso e bem de verdade, não na aspiração disso, mas em vias de fato, mas ainda eu não consigo, porque o meu acordar é como o do condenado à perpetualidade, é saudade que ele tem de algo que ainda é possível mas está longe e improvável, é amar abandonado e no escuro, incerto, amar com medo, vivendo de saudade e sofrendo pacientemente, enfim... Amar sozinho é definitivamente sofrível e destruidor, não amar sozinho mas amar a essa incerteza que é você, e eu que me contento com tão pouco.. Sim, é verdade, eu ainda sofro...

De saudade.

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