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sexta-feira, 5 de março de 2010

Eu tive um sonho.

Um dia me disseram que era uma antiga maldição da família... que uma velha e mal amada tia do tio do sobrinho da cunhada condenou a décima geração por não ter sido convidada, veja só que ironia, ela não foi convidada para alguma coisa. Cresci com aquele medo estranho de que tudo fosse verdade, os fantasmas por trás de minha avó e tia, a casa da Volta escura e cheia de sombras, a passagem molhada que tantos corpos levou com suas enchurradas violentas e tristes, barrentas, rápidas, como o instante de medo que tinha antes de durmire sonhar com sonhos coloridos, mas sempre com uma sombra ao fundo, porque aqueles fantasmas ao menos me marcaram e estariam sempre presentes, disso eu não fujo.
Pois cresci, e nessa fase de crescimento, que continua em andamento, não foram poucas as dificuldades, mas a todas elas, de certa forma, encarei com força e coragem. Destino não era condenação acabada, era só uma série de futuros bons que estavam na porta da geladeira, no espelho do banheiro e na agenda: é isso tudo que quero para mim. E tudo hoje tenho, tudo que preciso, apesar da lista ainda ter muitos destinos ainda não possíveis mas à caminho.
Até uns dias atrás o amor era um deles. Juliana, as meninas da sétima série, Risoleide ou Risocleide, não lembro seu nome, mas suas cartas doces e infantis, bilhetes, essa é que é a verdade, eram ingênuos, puros e úmidos do tamanho de sua timidez que fazia a mão tremer e a voz falhar-lhe. Depois veio Neidjane, com sua loucura boa que me ensinou a ser o que sou; que me ensinou a coisa mais importante - humano pode ter lado mau, porque santo é Deus, e ponto. Homem é carne, tem meia dúzia de anos para pagar e se acertar com Ele. Por isso permmita-se, mesmo que isso signifique pecar... Santo é Deus.
Se hoje não estranho minha maldade, minha natureza ruim, meus pensamentos impensáveis para esse estilinho de vida burocrático e de fachada, é a ela, a mulher de minha vida, tão tristonha, dúbia e forte, que devo o que sou. Depois as tentativas de esquecer a mulher de minha vida, que como na minha infância tornou-se um novo fantasma, sempre às minhas costas, me rondando nas conversas com amigos, às vezes no cheiro da rua ou cruzados mesmo, na esquina daqui ou dali. E tentei amar Joelma, e tentei amar Elisa, e devo ter pago a outras tantas para me amarem... E acho que fui feliz esses dias, sempre à espera de um amor de verdade, porque estava lá, na porta da geladeira, agenda e tudo mais: era só uma questão de tempo.
À espera de amor? Talvez não. Amor em mim não falta, e ele me faz bem, apesar do ser romântico que sou, romântismo em excesso, exagerado e piegas, irritante para as vítimas. Amor também muito mal expressado, que por tanto colocou tudo a perder nesses últimos anos, talvez a prova verdadeira da bendita maldição. E nos dias de solidão profunda, à noite, quando me deito e não há um pé para enconstar o meu, um pescoço para encaixar meu nariz, quando não há alguém do outro lado da linha ou de minha cama para dar boa noite, nessas horas de fantasmas, sombras e maldições... por que não? A maldição foi verdadeira em uma única coisa: no amor. Como as tias e tios solteiros que tenho em minha vida, como os mal casados, a infelicidade no amor de minha família é a prova de que foi no amor que Enriqueta jogou sua saliva e estragou tudo.
E eis que um belo dia eu olho para o lado e encontro uma gota d'água em meu coração vadio, gota em direção a um jardim que há tempos estava sem flores. E essa gota trouxe vida à minha vida... Essa gota de vida trouxe uma nova enxurrada de amor em meu coração, um ser em meio a milhões de outros que pensava como a mim, um amor sem compromissos nem laços burocráticos, apenas os laços de nossas pernas e ponto, o amor perfeito.
Aí caiu por terra Enriqueta, sombras, fantasmas e solidão. Mas por tão pouco tempo e de maneira assustadora, porque quando menos se espera encontro-me novamente só e meio perdido, inundado de amor mas à espera de dizer-te que amo e, onde está você?
Esse silêncio profundo, já disse, só me atormenta e entristece... E as noites são mais vazias, mais quentes e mais salgadas, minhas lágrimas, pelo menos, nunca foram tão... e não diga que é exagero meu, romantismo e razão tanto se debatem dentro de mim que ambos estão ao chão, arrasados, mas ainda vivos em mim. Logo dessa vez que fiz tudo certo, exceto o exagero, admito, em mostrar-me apaixonado e romântico, dessa vez que me achava livre de certas condenações do passado, apenas tenho seu silêncio e distância, o que me destrói, porque como tamém já disse não lhe queria em compromisso mas, antes, respeitosamente em mina vida por cinco breves segundos diários...
E não quero sexo! Não apenas sexo, mas antes cinco minutos de carinhos seus...
Pois bem. Queria que visses a chaga em meu coração; queria que trocassemos de pele para ver se aguentarias minhas dores, e também gostaria muito de sentir as tuas e também teu medo. Queria, antes, que nada disso fosse sofrido e triste, porque o amor não está para nossa vida a esse propósito. Mas o tempo mostrará tudo que for necessário. Em verdade só posso dizer que são salgadas as minhas noites porque choro por você toda noite, perdido em seu silêncio e indiferença, que doem mais que um não seco mas verdadeiro que me dissesses.
Mas, se também for esse o caso, um dia passará. Melhor que dissesses, mas será essa uma fraqueza sua?
Que pena, seja lá o que escolhas, essas escolhas só me fazem sofrer... o que me leva a crer que talvez não sejas como achava que fosses... serás só mais uma em meio aos milhões?
De qualquer modo, ainda amo-te, perdidademente, desesperadamente e românticamente.
Este que lhe mostrei e mostro sou eu. E você, quem é?
Continuo a esperar...

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