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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Lamentações de um prisioneiro

Policlínica psiquiátrica Nossa Senhora do Relógio. Cinco e pouco da madrugada. Sala 15, cômodo G. Cheiro de mofo, quarto molhado e camisa de força. Na jaula, a menina que queria voar ajoelhada no chão de cimento com sono e olhos vermelhos. Enquanto espera o próximo segundo os raios de sol brincam assutados com tamanha... tamanha situação...

Enquanto todos vivem lá fora, eu mofo nesse mausoléu em que durmo e insisto. Sobrevida de mentira e inspiração sombria, diferente das cores que exalava ao correr pelo campo, pés descalços, livre...

Mofo através das correntes que me aprisionam a esse momento de desperdício total, e a esperança dos dias melhores como quando há luz no fim do túnel escuro e frio.

Eu fecho os olhos para não ter certeza e espero que o próximo segundo chegue, para que seja menos um e, até quando isso, Deus? Até quando? Deus? Você ainda está aí?

Inspiração aos pinotes... Uma frase, um pensamento... Aquilo que sinto e, no entanto, nada faz sentido. Nada... O que vem depois? O que você espera para depois?

Sem resposta.

Passos nos corredores; desespero: o café da manhã acompanhado de pitadas de volts, água gelada, violência sexual e remédios. O insistente desejo de voar alto num céu azul, sem nuvens, sol de meio dia e a lágrima da esperança.


Seus sonhos, onde estão acorrentados?


Seus sonhos...

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