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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Prelúdio

Nus depois do amor, eles se olham e sonham acordados enquanto deliram de tão exaustos. Ele brinca com o cabelo dela enquanto funde fantasia e realidade. No ar, um cheiro denso e confuso mistura-se ao calor de 40 graus daquela noite inexplicável. Esse cheiro, bendito, torna tudo mais úmido, inclusive os lençóis e os cabelos... Ela agora sonha e sorri, enquanto uma gota de suor viaja pelas curvas de suas costas magras. Ele respira tão profundo, pausado e calmo, que ela chega a sentir cada movimento de seus músculos...

Vai e vem...
Vai e vem...
Vai e vem...
Vai e vem...

Os sonhos, agora não se sabe quais, estão todos misturados.
_Estou sonhando ou estou acordada?, pergunta confusa...
_Estamos todos num grande sonho. Mas, infelizmente, já não há tempo, de novo...
_Não, levanta-se assustada, ainda é cedo! Abraça-o como que para prendê-lo nela. Seu braço forte e quente é um abrigo seguro, uma fonte de paz numa existência tão sofrida. Corto os pulsos, continua, se morreres antes que mim!, agora olhando-o no olho.
_Não digas bobagem, tenta abraçá-la, mas ela se esquiva.
_Juro! Acho que morro se souber que morresses... porque te amo tanto, e te quero tanto, e... confusa, lágrima nos olhos, tanto que simplesmente não teria mais razão para viver, me entendes?
_Entendo meu amor, responde, também com lágrimas nos olhos. E também morreria, minha querida, se soubesse que morresses. Mas te acalmas porque logo logo tudo será mais simples e seguro. Você confia em mim? pergunta olhando no fundo de seu olho medroso.
_Mas eu tenho tanto medo, responde.
_Não o tenha, sussurra em seu ouvido. Vou sempre estar contigo... sempre que pensares em mim... mas preciso que tenhas paciência... você tem paciência? Prometa-me que esperarás até a hora certa, prometa, ele a beija...
_Prometo, responde, mas não é fácil... agora ela chora. Abraça-o e agora choram. Choram de saudade, choram de tristeza pelo poder que não têm, Choram e perguntam se tem mesmo que ser assim...
_Se eu pudesse, juro, ele enxuga as lágrimas, juro que tudo seria mais fácil e que te daria o mundo!
_Eu só quero você, repetia ela, com o olhar novamente aflito. Abraçam-se e ficam assim por algum tempo. Depois, o que importa depois, pensam, já separados...

Movimento: carros, pedestres, ao fundo um metrô, chuva fina e calor, muito calor. Madrugada movimentada, estranha, excepcional, apesar de tudo. Agora que não te tenho mais, amor, vivo de passado até que voltes e resgates meu presente. Porque só contigo sou feliz e só contigo estou vivo... só contigo, repetem baixinho.

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