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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Relatos de um desesperado.

Ensanguentado no chão, já não sentindo as mãos, a vista quase vazia... ele olha a luz que brota das brechas da porta... mas agora já não há hora, mas também não há pressa. É saborear o momento derradeiro antes da liberdade verdadeira... ao fundo, um som grita em brisa "ser livre, ser o que sonhou..."

_ Minha solidão nunca foi problema, diz. O problema é a afeição. Respira... Por quê não me cortam os punhos, pra que eu seque e não desenvolva mais amor? Destruam meu cérebro! Sim, destruam meu cérebro, grita, com os olhos cheios de água... destruam meu cérebro, porque aí não raciocino e vivo apenas de vegetar... vegetação, vegetação... ri. Mas não, não me matam ou me libertam... ao contrário: alguém me dá, todos os dias, as chances de viver. Amanheço vivo, inteiro, renascido e cheio de esperança. Por que? E aí, aí, ri novamente, aí me jogam as migalhas... me conquistam e depois me falham, como se eu fosse um papel barato, que não vale nada, que no primeiro instante é descartado, talvez reciclado... reciclado?! Agora não. Não, respira e ri, confuso. É isso: me reciclam todos os dias, me conquistam e depois brincam. E eu padeço... mas mereço? Não, eu não mereço, eu não mereço! Grita e tenta levantar caindo de mau jeito sobre sua mão direita. Agora, ele sente muita dor, mas é derradeiro, pensa. Eu não mereço... mas esqueçam, seus urubus de asas tortas... esqueçam, porque eu não esqueço! E, se querem saber, no primeiro erro, tudo será vingado. Tudo estará vingado... é isso: vingado... me aguardem...

Fecha os olhos... mas não dorme. Espera. Ao fundo, uma melodia diz: fazer tudo que eu não fuis, lutar por meu lugar no mundo e conseguir...

Libertar...
acompanha ele, ao som que vem do quarto...
Libertar...

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