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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Confuso

_Não adianta perguntar o que vem depois, diz ela, meio sem graça enquanto observa o céu escuro de núvens carregadas de água.

_Não adianta! Agora ri para mim.

No pequeno espaço que percorremos, aliado aos dez minutos diários de contato que estabelecemos entre um intervalo e outro, restam-me as dúvida, todas, de que tudo isso não passa de amor reprimido. E eu, pobre criatura especialista em drama-melancolia, vítima de minha própria solidão e das brincadeiras da vida; eu não sei o que pensar. Se bem que sei o que fazer, mas com medo de uma nova ferida, termino por me perguntar: valeria a pena tentar?!

_Claro que sim, ainda que eu não saiba o que é. Tá pensando alto é, me conta! Diz ela, com seu sorriso de menina.

Eu e minha mania de pensar alto: termino me prejudicando e me entregando! Mas a malícia da vida me ensina também a pensar rápido e contornar as situações. Que paradoxo: do idiota que entrega de graça o que pensa ao espertalhão capaz de enganar o mais perito dos seres! Esse sou eu?

_Que nada! Estou um pouco preocupado aí com os rumos que minha vida toma. meus pais brigados, um mês sem fazer sexo, dois meses sem beber uma grande... Tá pensando o que, que eu sou de ferro, é?!

Que idiota me sinto agora! Expondo minha intimidade para uma mimada que mal conheço e que...

_É claro que vale. Tudo vale. Na busca pela felicidade, toda forma de tentar é válida! Agora ela me olha com aquele ar de "auto-ajuda" que me destrói não pelo olhar, mas pelo vômito pronto que era tudo que eu não queria ouvir. Engulo a gosma e emendo:

_Sabe que você tem razão?! Meu Deus, o que seria de mim sem você?! Eu disse isso, penso, enquanto que me dou conta: estamos parados no meio da rua, ela com a mão em meu ombro, eu com duas sacolas de plástico na mão, ela vermelha até a alma, eu começando a suar frio, sua mão escorrendo gelada em direção contrária a mim e eu esperando uma resposta. Esperando, esperando, esperando...

_O que vem depois?! Perguntei. Pronto! Não consigo me controlar mais, será a esquizofrenia?! Meu Deus, quero logo sair daqui...

Silêncio ensurdecedor.
Segundo de duração eterna.
Oxigênio que nos falta.
Olhares que fogem um do outro.

Que chão interessante, cadê o bendito celular que não toca?! Poderia passar alguém, um raio poderia cair, quem sabe se dissermos adeus, o que fazer, o que vem depois?! Muito confuso...

Silêncio.

A rua vazia, a chuva fina, os postes vermelhos que com a massa de chuva tornam tudo mais charmoso apesar do frio abafado que ainda nos faz suar. O gosto salgado que se concentra no lábio superior da boca, a língua sedenta de outra língua, mesmo os hormônios todos desejosos por amor. E aí ser um homem, que deseja desesperadamente comer para mostrar-se, saciar-se e mostrar que fez; ou ser um Homem e querer bem, querê-la bem, sem se preocupar com o que os outros vão pensar?!

_Melhor eu ir. E lá se vai depressa.

E aí eu pergunto: suas bolsas!
E aí eu penso: se não é amor...

E em ambos os casos, uma única resposta, ou melhor, a falta de resposta...

3 comentários:

  1. Pois é Leo, você como nordestino, nosso visinho, sabe tanto quando eu que essa época para nós é só alegria. Somos tudo nordeste, nordeste é Brasil! Grande abraço.

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  2. É verdade "em ambos os casos, uma única resposta, ou melhor, a falta de resposta"...
    Bacana!
    Beijo
    =)

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  3. Ele está mesmo apaixonado... que seja só amor, Leo. Sempre amor. :)

    Beijo meu.


    Ps: Adorei o que escreveu no comentário, inspirado mesmo você. Lindo.

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