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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Radicalismo romântico

Fim de conversa, espíritos cansados, vontade de ir embora, calor, bar cheio de gente, barulho de cigarro e cheiro de gente mal educada...

_Você vai me culpar se me afastar de você?
_Mas eu gosto tanto de você, só que você não entend...
_ E você acha que eu não gosto de você?
_Mas não é esse o caso... Eu já disse isso a você.

Pausa.

_Sabemos... justamente por isso que me resta separar... eu simplesmente não consigo, dessa maneira como você quer... eu não consigo...

Raiva.

_Aí tem que ser do jeito que você quer?

Soco na mesa.

_Não necessariamente... antes tem que ser do jeito que doa menos, e sem mim você continua com as lembranças boas, mas sem você não sobrevivo nem de lembranças...

Tomou o café, deixou dez contos e se foi.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sim!

Dr. Mutante, lúcido e convicto, em frente ao espelho, fazendo a barba para sua semana de trabalho.



Não se estranhe nem, absolutamente, cometa o erro que fiz com isso que vou lhe dizer. Vou, vou falar sim... Conto que ainda a amo apesar de todos os esforços e que parece ser de propósito ver tudo que, com incrível dificuldade, construí nesses vinte e poucos dias; tudo isso escorrendo vida a baixo e eu apaixonado, como ou ainda mais que antes, apaixonado e ponto. A alegria boa de revê-la, o medo de perder, um frio na barriga e mais um monte de sensações - tudo, enfim, para dizer que absolutamente de nada adiantou o que fiz até aqui. Um dia passa, mas hoje ainda não passou.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

À ladie Dantas

Vá-se logo, mas vá com desejo, e sem mágoa.


Laço que se desfaz depois de tantos nós. Ah, e tantos nós não foram suficientes para te deixar cega mas, antes, apenas marcada, e laçada a nós, os que ficam, não mais que os condenados ao purgatório que veem a colega subir aos céus, e as plumas brancas de anjos rosados que te levam; sobe, sobe antes que Ela te pegue o pé com suas palavras de Medusa e te enrole novamente... não, não foi culpa dela, sabiamos de tudo, mas acreditar é pecado? Negociar, debater, refletir em grupo não é; verticalidade é, incoerência também.

Mas agora tudo Deus castiga ao perdão, porque sobes, bonita, e alguns laços ficam, nós talvez mais não, e nós, ainda laçados a esse purgatório ou similar, devemos não mais reclamar porque sabiamos o que seria, enfim, sabemos que a melhoria virá, acreditamos, enfim, que nada seguirá para sempre assim...

Sobe, e olha por nós de onde estiveres. Amém.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Não!

Por Dr. Mutante fora de expediente, banhado a Wisk

Não vou falar com você, não adianta... Suas tentações são como as serpente e maçã, mas bem que não sou Eva, e nem que não queira, antes disso preciso sobreviver, e os dez segundos de prazer que me dá ter sua atenção são nada ante a depressão que me toma nas outras 300 horas que não te tenho. Não, simplesmente não posso, não devo, não mais creio, desisto, já disse... tudo que me ferir será gradativamente afastado de mim até que não mais doa. Não.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A mulher em mim

Inspirado livremente em todos os desamores de minhas estimadas meia dúzia de confidentes do sexo mulher

Tê-lo no coração não basta senhor, porque lugar de quem amamos é ao nosso lado, na cama, por entre as pernas, abaixo e acima, na boca, com língua e tudo que se tem direito... isso é estar dentro. E se nesses dias me traíres, aí eu choro até secar a alma de toda mágoa, e depois eu passo pra outra. Mutante, pequeno príncipe, tem dessas habilidades de amar rápido, apaixonar-se e esquecer, e aguentar como poucos o resultado de suas escolhas e seguir...
No fundo, mutantes nasceram para sofrer, mas não por essas coisas, já disse, menino vadio. Afinal, e quem não nasceu para sofrer?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Conspiração

Das antigas

À espera das malditas ligações ou quaisquer sinais de vida que viessem do aparelho, cheguei à conclusão de que a culpa é, antes de tudo, minha; e que é tudo consequência, fruto, de tudo que um dia eu plantei. E planto. O que colherei eu mais dia, menos dia, oh Deus? Sem resposta... já devo a Ele tantas promessas que é milagroso já não me ter cobrado com a própria vida... Deus é bom? Deus é mau? Como saber? Deus me dava uma vida rastejante com algumas poucas migalhas pelo meio do caminho e sempre isso e sempre assim... bom ou ruim? Deus me dá. Culpado ou inocente? Deus dá?

Primeiro foi a indiferença de você,
depois o mesmo ar,
e depois seus olhos angustiados por trás do vidro e,
vez ou outra, aquele olhar e a pergunta que seria meu consolo, ela era a minha certeza de que você entenderia no meu olhar o recado completo:
sim, hoje está terrível, de hoje eu não aguento, salve-me antes que seja tarde, salve-me,
e o que mais?

O celular continua imóvel, você cada dia mais longe e nem virtualmente mais perto você me fala. Espero? E o pior é que me falta coragem de quebrar o celular e procurar-te... falta coragem.

Lapso

...e o pior de tudo, juro, é encontrar vestígios, sinais e coisas do tipo que só me servem para dar esperança mas que, por Deus, só me machucam mais um pouco e mais um pouco e mais um pouco, para no fim ser só um vestígio que não me leva a verdade nenhuna.
Desisto, nascemos para sermos bons amigos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O começo do fim e o fim em si

Depois de tudo, primeiro foi alguma coisa parecida com um não que não se sabe onde começou ("...sim, eu disse...") nem onde terminou ("...não, ela disse não..."), depois uma despedida de cinco ou poucos dias, depois uma última mensagem fria, depois mais cinco dias ou seis, e depois cada vez mais distantes, até que um dia, naquele em que a rua da Saudade estava colorida de pétalas recém morridas e o céu de cinco e pouco, quase seis, estava monotono e triste, cinza e nublado; até que nesse dia não teve flores, e ele não percebeu que não trouxe as flores, e ele sentiu vergonha e vontade de chorar quando percebeu que esqueceu das flores, mas não houve flores, e aquele foi um dia que dele em diante estaria, definitivamente, tudo acabado, não acabado de acabar, mas acabado dessas coisas que não se explica só se sente.
E eu senti que esquecer das flores foi começar a esquecê-la, como tanto queriamos antes, o que não é ruim... antes, será bom para todos, sobretudo para um pobre coraçãozinho inho...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Enquanto houver sol - Titãs

Composição: Sérgio Britto

Quando não houver saída, quando não houver mais solução, ainda há de haver saída, nenhuma idéia vale uma vida...

Quando não houver esperança, quando não restar nem ilusão, ainda há de haver esperança, em cada um de nós há algo de uma criança...

Enquanto houver sol,  enquanto houver sol, ainda haverá... enquanto houver sol, enquanto houver sol...

Quando não houver caminho, mesmo sem amor, sem direção, a sós ninguém está sozinho: é caminhando que se faz o caminho...

Quando não houver desejo, quando não restar nem mesmo dor, ainda há de haver desejo, em cada um de nós, aonde Deus colocou...

Enquanto houver sol, enquanto houver sol, ainda haverá... enquanto houver sol, enquanto houver sol...

Carta de fim

carta de saída
carta de mentira
carta de não aguento
carta de desistência
exercício de jogar a toalha
carta de socorro

carta de demissão!

carta de eu desisto, é o fim. Mas não é qualquer fim, nem é um fim de mundo, é apenas um começo de um fim, o fim de um ciclo; é um final de etapa que termina para outra promessa de novo que se inicia... bem, é um começo de um fim para um novo começo, dentro de um grande ciclo que não terminará nunca enquanto houver esperança...
é um texto em construção, também, para dizer que é carta de fim de uma jornada para início de novas jornadas, normal e natural, pelo menos até quando houver vida.
E é um fim dolorido e sem cheiro nem gosto, é saudoso pelas esperanças que tive, e doloroso pelas decepções que acumulei.
demito-me, enfim, eu me demito.

Novo mundo

fora de ordem - criado em outubro de 2009, 19 de outubro de 2009, às 6h e poucos minutos da manhã

A indescritível adjetivação ao que se sente no olhar para trás, mais um descontentar-se com o que ficou e ter, ainda, esperanças de fazer diferente daqui para frente, por isso feliz apesar de tudo, e entregue ao novo mundo que se inicia toda segunda feira, dessa vez diferente, correta, justa, sem grandes atropelos, apenas pensar mais dois segundos antes de agir, fazer o que há tempos não se tem coragem de colocar em prática, abrir os poros, como antes, e deixar rolar o jorro de esperança que é o coração desse nobre vagabundo...
Sim, eu quero unir os laços do passado com os do presente, eu quero ser como antes sim, mas quero também ter futuro.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Instante distante

Respeitosamente pegue no blog Escrita Estranha -  http://escritestranha.blogspot.com/2009/12/instante-distante.html




Seria bom, se trocássemos olhares,
mesmo que fossem sem querer;
você, tentando se esconder,
eu, escondido em meus pesares.

Seria bom, se tocássemos ombros,
mesmo que fosse um tanto;
você, exalando todo encanto,
eu, perdido em meus escombros.
Bom se aproximassemos rostos,
para ao menos, sentirmos gostos.

Uma pena, estar-mos distantes
e não termos sequer um instante.

conselho

Por que te aflinges, pequeno príncipe? Não vês que tempo nenhum vivido jamais é perdido? Se, ao menos, foste infeliz naqueles dias de seis anos e poucos minutos, ao menos retiras dali o segredo para não errar novamente no amor, e aí não perder mais tempo na vida... acerta dessa vez, oh, pequeno, e aprende que mais o importante: enquanto vivo jamais de teus dias serão peridos, a menos que te feches para a vida e abraces a tristeza, mal humor e desgralas assim; e aí não serás mais ti mas, antes, bem antes, ouves bem, serás antes um desgraçado quaquer que, por motivo algum, terá direito aos meus estima e cativo.

"É mulher e sua fronteira, é o que vier..."

Título livremente inspirado em Nina, de Daniela Mercury, texto de uma linda flor que invadiu nossas vidas.
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Neste período, as lembranças tornaram-se quase uma realidade. A árvore de Natal não está montada este ano, permanece guardada nas caixas, as luzes coloridas acendem sem muito brilho na minha varanda. Cada dia,me sinto mais órfã. Na verdade, inaugurei esta condição depois de adulta, mas só hoje, sem aqueles que propiciaram o milagre da minha criação, sinto-me assim.
Sim, sou profissional, cheia de responsabilidades. Mas há um pedaço de mim faltando (e posso garantir que não é pequeno). Queria acordar com cheiro de café, saber o cardápio de domingo somente na hora de sentar à mesa, assistir todos juntos um programa de tv, tomar a benção na hora de dormir. De tudo, o que sinto mais falta é de tomar a benção, mesmo tendo a certeza de que sou abençoada todos os dias. Mas o “Deus te abençoe”, dito, faz uma tremenda diferença.
Especialmente nesta época. A coisa vai ficando mais difícil, os sentimentos vão aflorando, as lágrimas descem sem querer ao ver uma vitrine bonita, ao ver um filho caminhando lado a lado com a mãe. Na contabilidade natalina, faltam presentes, abraços, beijos, sorrisos. Não há nem o debate sobre a ceia de Natal. A ceia de Natal? Nem beijos no meio da noite, orações em família, elogios emocionados, opiniões maternas. Nunca mais chamar alguém de mãe ou pai. O Natal sem “eles” confirma que nunca mais nada será igual.
A vida passa tão rápido e a gente perde um tempo enorme com besteiras. Confusões, ideologias baratas, imposições para fazer valer nossa vontade, quando apenas duas realidades existem: o nascimento e a morte.
As crianças sentem falta, os adultos sentem falta, até os pássaros e as plantas também. Uma saudade que só deixa quem fez sua existência realmente valer a pena. Vai ser dureza mais este Natal e os próximos também. Com o tempo, sei que irão chegando outras pessoas, algumas vão partindo. Tudo é parte deste mistério chamado vida!

Mulher de aço e de flor!

Significado do nome Graças: É um nome associado às deusas mitológicas que tinham o dom de agradar. Significa também beleza e elegância. Indica uma pessoa que procura viver em harmonia com todo mundo. Mas sua delicadeza não deve ser confundida com fragilidade, pois se trata de uma mulher muito forte. [Por Graças Nunes - um sorriso por um pedaço de carne... ai ai]

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Susurro

_Antes que tudo tenha fim, será que faltou dizer que a amo sim, de verdade, que os textos e as músicas e as flores e as pessoas, tudo é nada se só tenho você?, perguntou ele, com pressa. Ela riu e continuou rumo ao outro lado.
_Romantismo demais, né? Teve fim, não é isso que aconteceu, teve fim?, disse ele, já do outro lado da rua.
_Talvez... não é você mesmo que diz que nem sempre tudo é definitivo e coisas desse tipo? Perguntou ela, ainda em movimento, cada vez mais distante. Quem sabe, meu caro, quem sabe? Dessa vez olhou para ele.
_Queria dizer que veremos quem realmente perdeu, mas não faz meu tipo, você sabe... antes, correu para ficar paralelo a ela, espero que sejamos felizes... você acredita nisso?
_Talvez. Gostaria muito de crer nisso. Entrou no ônibus.
_Boa sorte, ele parou. O ônibus deu partida.

Suor e uma gota de lágrima se misturam, ele percebeu. Pior se fosse uma gota de sangue..., concluiu.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A espoleta monaliza

Foi aquele sorriso de xereta que arrancou de meu pobre coração a declaração mais contundente de todas. Primeiro ela me lembrou DISSO, amor de começo de ano, depois, comungando os amores de agora, chorei triste em seu ombro cybernético:
"Obrigado por todas as coisas boas que vc me faz.. até tem um diagnóstico a caminho, aguarde. Sobre levá-la junto, "Hum, vc nao sabe como dói essa saudade louca de algo que ainda nem se perdeu.. terá tido algo para aí se ter saudade?"... sofro por mulheres que quero em minha cama e por pessoas que quero em minha mesa: hj n tenho a nenhuma delas".

O.o
Um dia eu aprendo.

Carta de adeus

Que isso seja lido por você sozinha e os segredos daqui apenas nossos. É um meu pedido, que pode não caber no seu direito.

Saudades.

Rapidinha

Foram vários copos de wisk, coisa que ele não bebia há anos já sabia o porque.
_Será que preciso morer para que você me mostre todo seu amor?
_O quê? De que você está falando? Você é louco...
_ Por dizer que você me ama ou por dizer que morro para que você crie vontade de de amar?
Levantou-se e deixou-o à beira da piscina.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

DIAGNÓSTICO III

Dr. Mutante** apresenta - Sr. Bezerra

"_Seu problema é também consciência e racionalidade, senhor. Mesmo nas horas mais impróprias, em qualquer hora, para resumo da ópera, o senhor consegue ser... justo, racional, frio, um homem de valor, literalmente, desses valores que já não se encontram por aí.
O problema, senhor, é que vossa mercê encontra-se no meio do caminho com relação a sua auto consciência, e, mais específico, o senhor sabe que racionalidade absoluta machuca, porém insiste em ser assim.
Honestamente eu tenho medo do dia que o senhor explodir, e não quero estar por perto, em absoluto... mas ao mesmo tempo confio que na hora 'h' o senhor, ainda assim, sairá de perto e quebrará, no máximo, uma porcelana, uma porta, espelho ou quinquilharia, mas o principal, o senhor estará longe de quem quer que possa magoar, principalmente aqueles que lhe causarem fúria... digo isso muito honesto como quem sabe que o senhor pegará isso como bom e na hora certa fará o que o digo... Porque já sei que o senhor não machuca a ninguém que não ao senhor mesmo, e, entenda, acho isso bom só até o dia que o senhor achar. No dia que lhe fizer mal, em absoluto, mude!
[pausa...]
Quanto ao senhor ser assim, isso não é necessariamente ruim, mas acredito que o senhor mudará naturalmente, com as minhas consultas é certo que melhorará um pouco mais rápido [ri..., depois cria vergonha]... desculpe... mas acredito que, mesmo mudando, o senhor estará fragilizado, machucado, diria cansado por demais, e aí não se sabe como será em diante...
...porque a vida, senhor, é feita de escolhas e, se me permite o último comentário, sobre esse 'leve incômodo', diria que em sua vida só falta o tempero da emoção. E o senhor é emotivo, não me entenda mal, mas suas escolhas, por esses dias, estão fazendo-o perder a simplicidade dos dias, e essa é uma escolha sua, como bem me disse outros dias que não nesta sala. Mas o senhor escolhe bem... eu em seu lugar faria exatamente o mesmo...
Junte os cacos, colha tudo que semeou e agora quer nascer e viva. E se não aguentar mais volte de onde parou. Ou mude. O senhor sabe o caminho...
[pausa]



Semana que vem falamos de qual feridinha desse nobre coração vagabundinho?

DIAGNÓSTICO II

Dr. Mutante** apresenta - Ciúmes

"Ciúmes não era ele, como havia pensado, mas ela, como sua neurose absurda havia me alertado...
_O senhor está me ouvindo, Dr. Mutante?
_Sim, desculpe, estava só pensando no diagnóstico...
_Há diagnóstico? Conte-me, por favor...
_Veja, é muito cedo mas, pelo que me disse, esse ser parece ser avesso à senhora, apesar de vossa senhoria estar dentro dele, entende?
_Não, isso é absurdo...
_Veja bem, pelo que me descreve, este senhor ao qual tentas balançar é humano como todos nós, mas talvez de uma consciência fora do comum...
_Comum uma merda, meu sentimento é contra qualquer tipo de consciência...
_Talvez, mas o que a senhora causa, ou seu sentimento, se não um certo incômodo que pode ser do leve ao moderado ou mesmo forte?
_Eu não faço menos que uma tempestade...
_Em todo mundo?
_Sabe quanto tempo eu tenho de existência?
_A senhora não me respondeu...
_Desde que o mundo é mundo estou eu atiçando as pessoas, as plantas, os animais, tudo! Eu sou absoluta, eu sou...
_A senhora poderia ser o ego, caso quisesse, mas em meu consutório a senhora é apenas ciúme e ponto. Vai me ouvir ou deseja sair?
_Homens, todos iguais...
[pausa]
_O que pode acontecer, veja bem, é ele não fazer exatamente o que a senhora está acostumadíssima a acontecer... O que a senhora espera ao provocar-se nos outros?
_Ora o que espero, espero...
_A senhora espera uma reação de descontrole, bagunça, baixaria...
_Baixaria não! Roupa suja talvez...
[ele ri]
_Que seja, mas pelo que me descreves, ele simplesmente consegue não demonstrar muito na frente de quem ele ama ou coisa do tipo. É fato que uma noite, mesmo que de oito horas ou menos, é realmente muito tempo para não esboçar sentimento algum, mas a senhora estava mesmo de olho em quem?
_Como de olho em quem? De olho em todos!
_Então reveja, porque é fato, acho muito pouco provável que a senhora realmente tenha visto o que deseja. A senhora sabe esses vírus que se transformam?
_E não sei, que dia desses peguei uma desgraçada de uma virose...
_É, não nessa ordem, mas sabe da mutação 'natural' que os seres vivos podem ter...
_Hum, num vem defender tua ala de mutante não que dessa galera eu estou cheia...
[respira]
_Tudo bem, desculpa, é porque é difícil ouvi-lo e não poder falar nada. Diga. Tem um cafezinho... tá um calor aqui dentro...
[respira fundo]
_Adoraria dizer que a senhora está U-L-T-R-A-P-A-S-S-A-D-A!
_O quê?
_Que a senhora está perdendo a mão e que esse menino passou o pé na sua longa experiência.
_Isso é muitíssimo do absurdo, eu que não vou pagá-lo para ouvir essas asneiras...
_E quer saber do que mais? Acho que ele segue o caminho certo e que mais alguns anos e ele passará pela senhora calmo e paciente... Porque a senhora é de todo mundo mas todos os sentimentos são individuais, e cada um sabe como melhor expressá-los, e acho maravilhoso este senhor saber expressar amor, compreensão, admiração, vários ex clientes meus melhores que a senhora...
[os olhos cheios d'água, ela se senta, ele percebe o que disse]
_O senhor acha mesmo?
_[ai meu Deus, pensa]Não nessa ordem mas, o que a faz pensar que as pessoas não podem amar mais e enciumar-se menos? Já ouviu falar em 'auto controle'?
_É essa coisa aí, que eu não sei se ela ou ele, é isso aí que está quebrando meu serviço...
_Senhora, o ciúme está dentro daquele coraçãozinho e músculos sim, tanto que, nem precisamos dizer, o ciúme está ali... A senhora está ali...
_E o que eu posso fazer para descontrolá-lo? Eu não sou um enfeite...
_Ou caprichas mais até ele cansar-se e quebrar tudo que tiver a sua frente ou então passe para outra e contente-se com as cóssegas que, bem sabemos, é a melhor coisa que a senhora consegue fazer nele...
_Hum, cóssegas... engraçadinho... onde eu pago a conta, heim? [pega a bolsa e sai, ele senta por trás da mesa]
...